"Passar a privados significa o fim do SNS." BE quer ouvir Pizarro e Fernando Araújo
A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou o Governo pela transferência de grávidas do Hospital de Santa Maria para o setor privado.
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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, lançou esta segunda-feira críticas em relação ao que está a ser feito no Serviço Nacional de Saúde e defendeu que passar o serviço a privados "significa o fim do SNS".
"Quando um serviço é transferido para privados é porque o Governo desistiu de combater a falta de médicos. Esta é a proposta do PSD, da Iniciativa Liberal e do Chega. A solução é investir no Serviço Nacional de Saúde, não desistir do SNS, que precisa urgentemente de atrair profissionais. Manuel Pizarro tem de decidir se está ao lado de Montenegro, do PSD, que o elogia pela escolha de transferir utentes do SNS para o privado, ou se está ao lado do SNS", explicou Mariana Mortágua.
A bloquista revelou também que o partido apresentou um requerimento na Assembleia da República para audição de várias personalidades, entre elas o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, e Diogo Ayres de Campos, ex-diretor de Obstetrícia do Santa Maria.
"O médico Ayres de Campos, que era chefe do serviço de obstetrícia do Santa Maria, entretanto exonerado por ter oferecido publicamente a sua opinião, questionando a alternativa dada pelo ministro da Saúde. A presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria, que nos deve explicar esta decisão, o porquê do encerramento do bloco de partos antes mesmo de as obras terem sido adjudicadas para a requalificação daquela unidade, e o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde e o ministro da Saúde, que deram a cara por estas decisões e prestaram informações que não correspondem à verdade, quer quanto ao acolhimento destes decisões pelos profissionais de saúde quer pelas alternativas públicas que não existiam", acrescentou a coordenadora do BE.
O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) explicou no domingo em comunicado que esta decisão surgiu na sequência da "indisponibilidade de prestação de trabalho extraordinário acima das 150 horas anuais assumida por médicos do departamento e da [recente] demissão de chefes de equipa da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia".
As equipas do Hospital de Santa Maria continuarão a assegurar os partos de alto risco, mas "por uma questão de previsibilidade para as famílias acompanhadas no CHULN foi acionado o mecanismo extraordinário de colaboração com instituições privadas, previsto no plano sazonal de verão 'Nascer em segurança no SNS'".