"Sistema funcionou" e bebés infetados no Santa Maria não correm "riscos futuros"
Jorge Amil Dias destaca que todos os hospitais têm comissões preparadas para responder a infeções por bactérias e controlar estes surtos.
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O presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos garante que não há razões para uma preocupação generalizada com a bactéria que colonizou mais de uma dezena de bebes na Neonatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e obrigou ao encerramento deste serviço.
Esta quinta-feira, a unidade anunciou que não seriam permitidas novas admissões e que os bebés colonizados "não foram nem vão ser transferidos" para outros hospitais. Em declarações à TSF, o presidente do Colégio de Pediatria, Jorge Amil Dias, sublinhou que, nestes casos, "o número de infeções clinicamente relevantes foi limitado" e que, depois de tomadas medidas de controlo "caso a caso, não subsistem riscos futuros para qualquer destas crianças".
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O surgimento deste tipo de situações em hospitais não é uma surpresa e é por isso, explica, que "todos os hospitais têm comissões de controlo de infeção e implementam protocolos de rastreio e identificação de casos em que haja a presença das tais bactérias multirresistentes".
"Por definição", os hospitais são "locais onde o risco infeccioso é grande e, mais do que isso, o risco infeccioso por agentes, bactérias, que são multirresistentes aos antibióticos".
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No caso do Santa Maria, depois de identificados os casos positivos, a comissão responsável tomou medidas de isolamento para "controlar o processo" e, "tanto quanto" sabe Amil Dias, "não houve nenhuma situação crítica de risco real".
Por isso mesmo, quem precisar de recorrer ao hospital deve fazê-lo, ainda que "não como um passeio no parque, mas para situações que não podem resolver-se em pontos de assistência clínica que tenham menos risco", seja para bebés ou para toda a gente.
"O sistema funcionou, não é? Portanto, não parece que haja risco para outras pessoas que necessitem de cuidados de saúde lá, exatamente porque as comissões de prevenção de infeção estão a tomar medidas, tanto de vigilância como de controlo de qualquer surto que seja identificado", realçou à TSF.
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O Hospital de Santa Maria esclareceu esta sexta-feira que, desde a semana passada, teve 15 bebés internados na Neonatologia colonizados com a bactéria multirresistente que obrigou a encerrar o serviço, três tiveram alta e um morreu. No caso do óbito, fonte do hospital sublinhou à agência Lusa que, uma vez que não há ainda resultados da autópsia, não pode ser estabelecida qualquer relação causal com a bactéria.
Ao dia de hoje, estão internados 11 bebés colonizados com a bactéria e dois negativos.