O secretário-geral do PS acusou Fernando Nobre de «arrogância» por negociar lugares antes das eleições e garantiu que todos os cabeças de lista do PS vão assumir a função de deputados.
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Foi com as palavras «arrogância» e «soberba» que José Sócrates qualificou a posição de Fernando Nobre, que renuncia ao mandato de deputado pelo PSD se não for eleito presidente da Assembleia da República.
«Não se negociam lugares destes nem se prometem lugares destes. Isso é anteciparmo-nos a uma escolha e uma antecipação a uma escolha não tem nada a ver com humildade democrática, tem a ver justamente com arrogância democrática», comentou o socialista, que este domingo participa na reunião da Comissão Nacional do PS em Lisboa.
Esta postura, continuou, tem a ver com «soberba», que quem gosta da democracia não gosta de «ver em nenhum comportamento político».
«Os candidatos a deputados pelo PS serão isso mesmo, candidatos a deputados», e «exercerão o cargo qualquer que venha a ser o resultados das eleições e qualquer que seja o cargo para que sejam escolhidos na Assembleia da República pelos seus pares», disse.
Na véspera de arrancarem os contactos da troika e do Governo com os partidos da oposição sobre a ajuda externa para Portugal, o também primeiro-ministro desafiou, em tom de crítica, aqueles que «sabotaram» o último Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) a «não voltem agora a comportarem-se da mesma forma».
«Esses que apenas querem fazer da guerrilha política ao Governo o seu objectivo verdadeiramente não estão a pensar em Portugal», comentou, falando em «oportunismo político».
Lembrando os resultados da execução orçamental divulgados esta semana, José Sócrates sublinhou que esses números tornam ainda mais visível a «leviandade de quem chumbou o PEC e criou uma crise política».
À entrada para a reunião da Comissão Nacional do PS, o antigo presidente da Assembleia da República Almeida Santos afirmou que «tinha grande apreço» por Fernando Nobre enquanto presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), considerando que está a «estragar a imagem que tinha, que era uma imagem positiva, excelente».
O dirigente socialista e ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, defendeu que o «respeito pelos eleitores e pela Assembleia da República» começa na elaboração das listas a deputados.
«Parece-me estranho que alguém se apresente como candidato a deputado e a primeira coisa que tem a dizer é que provavelmente não exercerá o cargo de deputado. Isso acontece com o Dr. Fernando Nobre e, nas listas do PSD, acontecerá também com o Dr. Alberto João Jardim», afirmou.