"Tenho confirmação escrita." CEO da TAP diz que Hugo Mendes aprovou indemnização de Alexandra Reis
Christine Ourmières-Widener garante que foi o ex-secretário de Estado das Infraestruturas a enviar "essa confirmação".
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A presidente executiva da TAP afirmou, esta quarta-feira, que teve uma confirmação por escrito por parte do Governo para avançar com a indemnização a Alexandra Reis. A autorização escrita foi dada pelo então secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes.
"Posso adiantar que tenho uma confirmação escrita da aprovação e da luz verde para avançar com este acordo. Foi-me enviada pelo secretário de Estado das Infraestruturas. Foi ele que me enviou essa confirmação", disse Christine Ourmières-Widener.
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A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, está esta quarta-feira a ser ouvida no parlamento, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, para explicações sobre a indemnização de 500.000 euros à antiga administradora Alexandra Reis, que foi também presidente da NAV e secretária de Estado.
A audição da responsável da companhia aérea acontece na sequência do requerimento de caráter obrigatório do Chega, depois de o grupo parlamentar do PS ter rejeitado a proposta de audição num primeiro momento.
Questionada pelo deputado do Chega André Ventura sobre com quem do Governo foi discutida a indemnização a Alexandra Reis, a responsável da transportadora disse que esteve em contacto, "desde o início", com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes.
"Eu obtive a aprovação através do secretário de Estado das Infraestruturas. [...] Eu assumi, tendo em conta a forma como trabalhamos em conjunto, que o acordo [para a indemnização] com o secretário de Estado foi feito com a concordância do Ministério das Finanças", realçou Christine Ourmières-Widener.
Questionada ainda sobre a eventual existência de outros casos semelhantes ao de Alexandra Reis, a responsável disse não ter conhecimento de outras saídas da companhia com indemnizações avultadas, apenas de uma indemnização ao seu antecessor, Antonoaldo Neves, quando a TAP tinha gestão privada.
O caso da indemnização de meio milhão de euros paga à antiga secretária de Estado Alexandra Reis, pela saída antecipada da administração da TAP, levou à demissão do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e a uma remodelação no Governo.
A Inspeção-Geral de Finanças está a preparar um relatório sobre o caso, mas o Correio da Manhã avançou, em 14 de janeiro, que a Parpública e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) não foram informadas, nem autorizaram o pagamento da indemnização a Alexandra Reis.
Além da polémica indemnização, a TAP tem feito manchetes nos jornais por outros motivos, entre os quais a contratação de uma amiga pessoal de Christine Ourmières-Widener para assumir a direção do departamento de melhoria contínua e sustentabilidade, ou a intenção de substituir a frota de carros da empresa para administradores e diretores.
O negócio não andou para a frente e a companhia decidiu, então, atribuir 450 euros aos diretores que não chegaram a receber carro, para usar numa plataforma eletrónica de transporte.
No que diz respeito a questões laborais, a TAP está em negociações com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) para evitar uma nova greve de tripulantes no final do mês, depois de uma paralisação de dois dias, no início de dezembro, que teve um impacto de cerca de oito milhões de euros na empresa.