As deputadas pediram hoje ao Presidente da República, durante a sessão solene do 39.º aniversário do 25 de Abril, eleições legislativas antecipadas para que o povo português se pronuncie.
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Na Assembleia da República, Paula Santos (PCP), Catarina Martins (BE) e Heloísa Apolónia (PEV) voltaram, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, a defender a demissão do Governo da maioria PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho, criticando as políticas seguidas nos últimos dois anos: um «compromisso contra Abril», um «embuste», um «'flop'».
«Será pela luta que conseguiremos a rejeição do pacto de agressão, a rotura com a política de direita, a demissão do Governo e a realização de eleições para dar novamente a voz ao povo para decidir o seu destino», afirmou a parlamentar comunista, sublinhando que «a soberania reside no povo».
Paula Santos disse que os últimos 37 anos se resumiram à «política de direita» e «sucessivas subversões da Constituição», que o «compromisso com a troika é um verdadeiro compromisso contra Abril e contra os seus valores», acrescentando que «a ideologia dominante tenta branquear os 48 anos da ditadura fascista e a sua verdadeira natureza opressora».
«É hoje preciso devolver a voz ao povo português para que ele seja senhor do seu destino e inaugure a nova madrugada», exigiu também a coordenadora do BE, Catarina Martins, notando que houve «um Presidente que reitera a confiança no Governo cujo orçamento pediu para ser declarado inconstitucional, como aconteceu».
A deputada bloquista, que adiantou ter a idade do 25 de Abril (39 anos), condenou o «embuste permanente encenado pelo primeiro-ministro» e considerou que se assiste em Portugal a "uma cruzada contra tudo o que é público" e que «pouco importa a Passos Coelho e Paulo Portas que todos os números desmintam o seu discurso».
«Não é o vaivém de membros do Governo que resolve a situação. Devolver a palavra aos portugueses é do mais elementar interesse nacional, senhor Presidente», pediu diretamente a parlamentar ecologista Heloísa Apolónia, classificando a Constituição da República Portuguesa como «um dos mais sólidos canteiros de cravos», em referência ao chumbo consecutivo de dois orçamentos do Estado por parte do Tribunal Constitucional.
A deputada de "Os Verdes" referiu também a recente polémica com os contratos de risco em empresas públicas, dizendo que «"swap` é como chamam àquilo que é um verdadeiro "flop" para as contas do país».
«Qualquer apoio que o Governo anuncie, já tarde, para uma economia que pôs nas ruas da amargura, fica sempre a léguas de distância dos montantes que disponibilizou para a banca», criticou, dois dias depois de um Conselho de Ministros dedicado às políticas de crescimento económico.
Heloísa Apolónia recordou ainda as declarações controversas do diretor-executivo do BPI, Fernando Ullrich, comparando a situação antes do 25 de Abril já que, «decerto, haveria na altura quem assegurasse que 'ai aguentam, aguentam'».
«Mas os capitães de Abril, que abriram alas para a revolução, à qual se juntou um povo ávido de liberdade e de democracia, ditaram a resposta inequívoca: 'não aguentamos mais!'», disse.