"Decisão trágica." Chega chama Medina ao Parlamento após novos certificados de aforro
Uma nova série de certificados de aforro, a F, começa esta segunda-feira a ser comercializada.
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O líder do Chega, André Ventura, considera que a alteração nos certificados de aforro é uma decisão trágica, sem sentido e entende que por trás da medida anunciada pelo Governo está uma enorme subserviência à banca que constitui uma ataque às poupanças dos portugueses. Por isso anunciou, ao final da manhã desta segunda-feira, que o partido vai chamar ao Parlamento, com caráter de urgência, o ministro das Finanças e o presidente da Agência de Gestão de Tesouraria e Dívida Pública.
"Por serem estes dois intervenientes aqueles que política e tecnicamente mais conexos estão à situação intolerável de limitação que verificámos neste último fim de semana face aos certificados de aforro. Às vezes em política aquilo que parece é e o que parece, neste caso, é uma enorme subserviência à banca. Uma decisão sem racionalidade económica que não seja a de proteger o sistema bancário contra a própria dívida pública da República e contra as poupanças dos portugueses e uma permanente e brutal instabilidade no mercado financeiro. Por isso, a menos que haja outras razões, é uma decisão trágica e uma decisão sem qualquer sentido", justificou André Ventura.
Uma nova série de certificados de aforro, a F, começa esta segunda-feira a ser comercializada, oferecendo uma taxa de juro base bruta de 2,5%, depois da suspensão da série E, que levou a oposição a tecer várias críticas.
De acordo com a portaria que regula as condições destes novos certificados de aforro (CA), os títulos desta serie F terão um prazo máximo de 15 anos, findo o qual regressam à conta bancária a que estão associados.
Na prática isto significa que as pessoas que apliquem poupanças nestes CA podem mantê-los durante os próximos 15 anos, sendo possível o resgate ao fim do primeiro trimestre após a subscrição - como sucede com as séries anteriores.
A suspensão da série E, e a sua substituição pela nova, gerou várias críticas da oposição, nomeadamente o BE e o PCP, que acusam o Governo de ceder ou fazer um favor aos bancos.
A acusação foi rejeitada pelo secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, numa declaração aos jornalistas, no sábado, em que respondeu às críticas e afirmou que "houve cedência zero a banca".
Os comunistas pediram a audição do secretário de Estado João Nuno Mendes na Assembleia da República.