Viabilizar audição de Costa na CPI sobre TAP? "Primeiro-ministro não tem intervenção. A isso chama-se populismo"
O líder parlamentar do PS dá a entender que o partido não vai viabilizar os pedidos para audição do primeiro-ministro na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a TAP.
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Questionado sobre se iria viabilizar uma audição do primeiro-ministro, António Costa, na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a TAP, como vários partidos da oposição estão a pedir, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, afirmou que o partido continua a viabilizar o escrutínio de "todas as entidades públicas" no Parlamento, mas considera que Costa "não tem qualquer intervenção" no caso.
"Envolver o primeiro-ministro numa Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a TAP quando não tem qualquer intervenção? A isso chama-se populismo", respondeu Brilhante Dias.
Para o socialista, os partidos da oposição parecem querer "confundir a verdade" e "promover a degradação" da comissão parlamentar de inquérito.
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"Sobre a TAP, nada dizem. O plano de reestruturação, o relatório da Inspeção-Geral das Finanças continuam incólumes, a ser a base fundamental da análise, enquanto a TAP nada.
Tivemos uma cena provocada por um ex-adjunto do ministro das Infraestruturas. Perante os factos, as testemunhas, um caso de polícia, nada acrescentam. Alguns preferem alinhar pela verdade única apresentada por um ex-adjunto quando os factos, as testemunhas, indiciam claramente que esse processo deve continuar nos órgãos judiciais e ser avaliado por esses órgãos em função dos testemunhos e factos que devem ser apurados", acusou o líder parlamentar do PS.
Já em relação à intervenção do SIS neste caso, Brilhante Dias considera que apenas foi acionado o protocolo numa situação em que um computador, com "informação classificada", saiu do Ministério das Infraestruturas na posse de alguém que já tinha sido exonerado.
"O conselho de fiscalização do serviço de informações veio à Assembleia da República e disse que não havia nenhuma ilegalidade. O responsável do SIS, à porta fechada, veio aqui e ficou claro que, sem prejuízo da intervenção do ministro, não foi o ministro que acionou o serviço de informações, mas sim o protocolo exigente que qualquer membro do Governo e chefe de gabinete deve executar num quadro em que informação classificada sai do perímetro do Governo. A degradação das instituições não pode ser confundida com degradação da oposição. A oposição insiste em querer trazer para o Parlamento uma discussão sem sentido e é particularmente difícil olhar para o líder do PSD e vê-lo a repetir argumentos da extrema-direita", explicou.
Nas audições da comissão de inquérito dos últimos dois dias, Brilhante Dias disse não ter ouvido nenhuma contradição.
"Foi dito, de forma explícita, que o primeiro-ministro não participou, em momento algum, no acionamento do serviço informações. Sabemos que houve uma tentativa de telefonema que não foi bem-sucedida. Não alimentemos uma história que tem pés de barro. A intervenção do serviço informações foi legal e despoletada pela chefe de gabinete no quadro das suas funções. Não há nenhuma contradição", acrescentou Brilhante Dias.