"Já não é política." Alexandra Leitão defende que CPI à TAP está a fugir "ao que é importante"
As audições na Comissão de Inquérito à TAP estiveram em debate no programa O Princípio da Incerteza. Alexandra Leitão considera que já não está em cima da mesa "a gestão política da companhia aérea", mas sim "coisas acessórias face ao que é importante". Lobo Xavier diz que está a tornar-se difícil saber a verdade e Pacheco Pereira afirma que Galamba devia ter contado a verdade, evitando mentiras de parte a parte.
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Depois de uma semana de audições e versões contraditórias na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, Alexandra Leitão defendeu que a discussão que era sobre a gestão política da companhia aérea mudou de rota e foi absorvida pelo caso João Galamba.
"Já não se está a falar da gestão política da TAP, já não se está a falar de política na Comissão Parlamentar de Inquérito. Está a falar-se de coisas que são relativamente acessórias face ao que é importante numa empresa tão fundamental para o país. Isto já não é política, pelo menos não é seguramente política com 'P grande'", considerou, em declarações no programa da TSF e da CNN Portugal O Princípio da Incerteza.
A deputada socialista sublinhou "a gravidade" que estas situações têm do ponto de vista de "tornarem os cidadãos mais desconfiados dos políticos e da política e de criarem uma certa sensação de que não há sentido de Estado".
Alexandra Leitão afirmou que o escrutínio "deve ser incisivo, forte e assertivo" e que "deve evitar-se um certo voyeurismo de situações que são muito acessórias: saber se houve pancada, se não houve pancada, saber se o vidro foi partido ou não foi partido. Saber se o SIS interveio de forma legal ou não isso é relevante".
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Para António Lobo Xavier, depois dos depoimentos do ex-adjunto de Galamba e da chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas e conhecidos os conflitos internos dentro do PS, torna-se difícil saber onde está a verdade.
"Este caso mostra o pecado original que é a luta e as fações internas do PS transportadas para o Governo. Por um lado, este adjunto já trouxe a público a solidariedade e a amizade com Pedro Nuno Santos. Depois, ele próprio também parece vir dos tempos da geringonça. Além da verdade que não conhecemos, ou seja, o que é que esconde uma azáfama tão obsessiva sobre o computador, não sabemos bem que tipo de relações estão por detrás, que tipo de guerras, que tipo de conflitos dentro do PS e no seio do Governo estão por detrás de uma situação tão espantosa", referiu.
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Assinalando que "estamos numa fase de espetacularização da vida política", José Pacheco Pereira considerou que o ministro João Galamba devia ter optado por contar a verdade, evitando, assim, as mentiras de parte a parte.
"Esta tribalização impede qualquer racionalidade no tratamento do assunto. Há uma coisa que governantes como João Galamba têm que perceber desde início: é que é muito menos grave a verdade do que aconteceu, mesmo com alguma trapalhada, do que a sucessão de mentiras para a tapar. Porque é que ele não diz, pura e simplesmente, qual é o problema do computador? Ainda hoje ninguém explicou porque é que um queria levar e outro queria que lá ficasse. Eu só vejo uma razão para o assessor querer levar o computador a toda a força: é que, provavelmente, tinha lá as notas. Percebeu que isto ia ser um processo muito complicado e queria ficar com uma cópia das notas para se proteger, e, para isso, forçou a entrega do computador", defendeu.
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