Há motoristas TVDE a trabalharem 15 a 17 horas por dia

Motoristas acusam plataformas eletrónicas de terem diminuído preços para quase metade desde o início da pandemia.

O Sindicato dos Motoristas TVDE denuncia que há motoristas a trabalharem 15 a 17 horas por dia para compensarem os cortes abruptos das plataformas eletrónicas nos preços das viagens.

Aliás, em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países, a prioridade destes motoristas nem é serem considerados funcionários da Uber ou de outra plataforma - como acaba de ser decidido no Reino Unido -, mas que seja criada uma tarifa mínima que trave o esmagamento dos preços.

António Fernandes, dirigente do sindicato, explica à TSF que no último ano, desde o início da pandemia, com a crise económica e a falta de clientes, as plataformas cortaram os preços para quase metade.

"É ridículo estes preços. É estar a gozar um pouco com o nosso trabalho. Há muitos clientes que não percebem como conseguimos sobreviver com estes preços que já incluem a comissão das plataformas. Há muitos motoristas que se sujeitam a trabalhar 15, 16, 17 horas para conseguir pôr o pão na mesa", revela o sindicato.

Segundo António Fernandes, "para nós o mais importante é uma tarifa mínima, uma tarifa de referência, para que esta atividade de TVDE (Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica) seja sustentável, quer para as empresas quer para nós motoristas".

Um motorista TVDE que prefere não ser identificado dá o exemplo de uma viagem de 10 quilómetros em que antes o motorista ganhava 6-7 euros, valor que hoje pode chegar aos três euros, e a comissão da plataforma, 25%, mantém-se a mesma.

No Reino Unido a batalha entre os motoristas e a Uber durou cinco anos e só terminou no Supremo Tribunal.

De início a gigante norte-americana contestou a decisão e disse que só se aplicaria às dezenas de motoristas que se queixaram, mas agora confirmou que vai integrar 70 mil condutores como trabalhadores da empresa no Reino Unido, com direito a salário mínimo (cerca de 10 euros por hora), pausas para descanso, férias de 28 dias pagas e outros benefícios normais para quem tem uma entidade patronal.

Os juízes ingleses consideraram que os motoristas da Uber são "funcionários" e não "trabalhadores independentes", mas em Portugal e noutros países há muitas dúvidas se o diagnóstico pode ser idêntico devido a várias diferenças legais.

Do lado da Federação Portuguesa do Táxi, o presidente, Carlos Ramos, diz, no entanto, que faz todo o sentido exigir à Uber e a outras empresas semelhantes que integrem os motoristas TVDE como funcionários.

"Nós sempre dissemos que as plataformas são muito mais do que plataformas. São empresas de transporte e as pessoas andam a trabalhar por conta e orientação das plataformas", defende Carlos Ramos.

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