A atual bastonária da Ordem dos Advogados e dois antigos bastonários contactados pela TSF congratulam-se com o desafio lançado pelo Presidente da República aos diversos agentes judiciários e partidos.
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"Falta fazer o pacto de que falou o Presidente da República", disse Elina Fraga no final da cerimónia de abertura do ano judicial, na qual Marcelo Rebelo de Sousa falou na necessidade de os parceiros judiciários fazerem um "pacto".
A bastonária da ordem dos Advogados referiu que a ideia lançada pelo Presidente veio "corroborar" aquilo que ela têm vindo a dizer ao longo dos anos de que têm de ser os juízes, os procuradores e os advogados os "motores de uma verdadeira reforma da justiça".
"Foi esta a grande mensagem que nos deixou aqui o Presidente da República", salientou Elina Fraga, referindo que os políticos, o Governo e a Assembleia da República deviam "inspirar-se" nos contributos resultantes desse pacto dos profissionais da justiça.
Quanto à perceção negativa que os cidadãos têm da justiça, Elina Fraga contrapôs que "a justiça não está tão mal como aparece muitas vezes na comunicação social, mas também não está tão bem como os políticos a querem colocar". "É algures no meio que está a verdade", assinalou, dizendo ser preciso, agora, passar de um "cultura de diálogo" para uma "cultura de ação" para que a justiça possa ser melhorada em Portugal.
Contactado pela TSF, o antigo bastonário José Miguel Júdice lembrou a proposta que fez há 16 anos para um pacto da Justiça, considerando que se trata de uma oportunidade para a realização de um novo congresso que reúna os vários agentes da Justiça, criando condições para melhorar o sistema judicial português.
Rogério Alves, em entrevista à TSF diz que a ideia de Marcelo Rebelo de Sousa é "ótima" e tem sido, aliás, defendida ao longo de vários anos. O antigo bastonário considera essencial "uma análise crítica ao setor.
O Presidente da República defendeu hoje que devem ser os parceiros judiciários a abrir caminho a um "pacto de justiça" entre os partidos, possivelmente "delineado por fases ou por áreas", e pediu-lhes que criem "plataformas de entendimento".
"Ou são aqueles que diariamente contribuem para que a justiça não seja uma ideia vã a encontrarem-se e a entenderem-se, mesmo se por parcelas, assim dando um contributo para a consciencialização social, ou então é mais difícil esperar que sejam os partidos políticos a encetarem esse caminho", considerou o chefe de Estado.