Perante uma invasão de palco, o primeiro-ministro manteve-se impassível. O discurso do grupo Extinction Rebellion contra o aeroporto do Montijo foi abafado pelos militantes socialistas, mas ganhou voz nas horas seguintes. A TSF ouviu as explicações para o protesto.
Corpo do artigo
António Costa discursava no 46.º aniversário do seu partido quando começou a ser sobrevoado por aviões de papel.
Quatro jovens interromperam o evento e ainda que não não lhes tenha sido cedida a palavra em palco, a mensagem para o Governo foi clara: "Mais aviões só a brincar". É preciso um plano B para o aeroporto, o Montijo não é solução.
O discurso que um dos jovens tentou ler em palco, não tivessem os seguranças expulsado o grupo do recinto em menos de meio minuto, foi depois publicado no Facebook .
"Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as gerações futuras não têm nada para celebrar", escreveu o grupo Extinction Rebellion Portugal, repetindo as palavras abafadas por gritos de "PS! PS! PS!"
O Extinction Rebellion assume-se como um movimento sociopolítico internacional que "atua através de ações de desobediência civil não violentas para a reversão da emergência climática e ecológica global". Nasceu no Reino Unido, mas está agora presente em mais de 350 cidades por todo o mundo.
TSF\audio\2019\04\noticias\23\sinan_eden_1_objetivos_movimento
Quanto ao que aconteceu na festa do Partido Socialista, a coordenação do Extinction Rebellion explica que apela às pessoas para se manifestarem de forma não violenta, mas não organiza ações de protesto.
TSF\audio\2019\04\noticias\23\sinan_eden_2_ativistas_decidem_como_continuar
Sinan Eden admite que os protestos servem para apelar à reflexão por parte dos governos. Ainda não está decidido que pretendem fazer a seguir, mas garante que o movimento vai continuar.
O grupo acusa António Costa de comprometer "a saúde e a qualidade de vida de 30 mil pessoas" com a construção do aeroporto no Montijo, lembrando que a "poluição atmosférica e sonora dos aeroportos é causa de AVCs, doenças cardiovasculares e respiratórias, cancros, perturbações no sono e cognitivas".
Além disso, considera a medida incompatível com o compromisso assumido pelo Governo de tornar Portugal neutro em emissões de carbono em 2050.
"O primeiro-ministro assinou com a multinacional Vinci um acordo para não só aumentar o aeroporto da Portela, como construir um novo no Montijo, em plena reserva natural. O plano é quase duplicar a média de movimentos aéreos por hora - de 38 para 72 - e chegar a mais de 50 milhões de passageiros por ano. Isto é 10 vezes o número de passageiros de 2004. E abrir as portas a mais milhões de turistas todos os anos, numa cidade onde vivem 500 mil pessoas. Senhor primeiro-ministro, chegou a hora de dizer a verdade sobre o custo real deste acordo."
"Diga a verdade sobre as relações entre o poder político, a Vinci e as empresas que lucrarão com este projeto. Diga a verdade sobre a legislação europeia e nacional - relativa à proteção de ecossistemas, à saúde pública, ao direito a um ambiente são e a processos adequados de avaliação ambiental - que está a ser violada neste processo."
O Extinction Rebellion exige a suspensão do projeto de expansão da Portela e do novo aeroporto no Montijo, no Estuário do Tejo - "um paraíso de biodiversidade". Há que dar início a um processo de Avaliação Ambiental Estratégica "com vasta participação pública", defende.
Em entrevista à TSF e ao DN em março , António Costa defendeu que "a melhor solução - mais rápida e de menor custo - é o Montijo". Se a obra fosse chumbada, o Governo não tinha um plano B para a construção de um novo aeroporto complementar de Lisboa.
A ANA - Aeroportos de Portugal anunciou este mês que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo está concluído. Será agora incluído na plataforma online da Agência Portuguesa do Ambiente.