Na maternidade Júlio Dinis, no Porto, a chegada de um bebe é acompanhada muitas vezes por uma certa angústia das mães que receiam a crise.
Corpo do artigo
Sem políticas de apoio à maternidade, ter um filho torna-se uma decisão cada vez mais difícil. De acordo com o último inquérito sobre fecundidade, realizado em 1997, as mulheres desejavam ter 1,97 filhos, mas na realidade nesse ano, já só tinham em média 1,47 filhos .
Trocando as estatísticas por miúdos, as mulheres até gostavam de ter dois filhos, mas em média ficam-se por um.
A concretização da vontade parece assim ser cada vez mais difícil sobretudo em época de crise . Na maternidade Júlio Dinis, no Porto, a chegada de um bebe é acompanhada muitas vezes por uma certa angústia das mães confessada às profissionais que as acompanham.
A enfermeira Ana Sales ouve muitos desabafos de mães, que engravidaram sem ter programado, preocupadas com a crise e com os problemas económicos que possam vir a ter para criar os filhos.
Serafim Guimarães, que dirige a maternidade Júlio Dinis, no Porto, acredita que a crise está a interferir no número de partos.
«Quando pensamos que economicamente vamos ter mais dificuldades, mais impostos ou custos mais elevados os reflexos vão-se fazer sentir na taxa de natalidade», explica.
No serviço social, os pedidos de ajuda aumentam, muitos são de quem nunca pensou precisar: «Mesmo a classe média já nos procura e não tem capacidade para fazer face ao nascimento de um filho».