O acidente do voo 447 da Air France, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris deveu-se ao congelamento das sondas Pitot, perda brusca de velocidade e erro de um copiloto, avança o Le Figaro.
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O jornal francês diz que o relatório produzido pelo Escritório de Investigações e Análise (BEA, na sigla em francês), que analisou os dados e gravações das caixas-pretas, divulgará hoje que os três factores que estiveram na origem do acidente.
Segundo o diário, o relatório vai informar que a tripulação não conseguiu entender os problemas registados no avião e que foi incapaz de resolver a situação a tempo de evitar a tragédia.
De acordo com o relatório, o copiloto menos experiente não teria recebido formação para lidar com perda de velocidade da aeronave.
O diário descreveu o que ocorreu na cabine de comando depois de o comandante ter deixado o cockpit para descansar. Um copiloto experiente sentou-se no lado esquerdo da cabine do Airbus, o outro copiloto, o menos experiente, ocupou o assento do lado direito do avião.
Logo após o piloto automático ter sido desligado, devido ao congelamento das sondas externas, o copiloto da direita puxou os controlos, levantando o nariz da aeronave e subindo até aos 37.500 pés.
O relatório vai sustentar que esta manobra «é incompreensível», pois o procedimento correto no caso seria desacelerar a aeronave.
Ainda de acordo com o Le Figaro, o relatório aponta que o copiloto da esquerda terá perdido segundos preciosos ao tentar chamar o comandante através de um alarme, ao invés de lidar com a avaria.
Quando o comandante regressou ao cockpit, os copilotos informaram que não estavam a perceber o que estava a acontecer e também o comandante «foi incapaz de analisar a situação».
O voo AF 447 da Air France (Airbus A330), que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, sobrevoava o Oceano Atlântico quando desapareceu dos radares na noite de 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo.
154 corpos foram encontrados entre os destroços do avião e retirados do mar, após o acidente, em missões de resgate. Entre as vítimas de 32 nacionalidades, estão 59 brasileiros e 72 franceses.
As duas caixas negras, que registaram os parâmetros do voo e as conversas na cabine dos pilotos, foram resgatadas do fundo do mar no início de maio, após passarem 23 meses a 3,9 mil metros de profundidade no Oceano Atlântico.