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Sobe para sete o número de mortos em protestos contra Maduro

epa07313880 Venezuelans based in Mexico meet at the Venezuelan Embassy to show their support for the leader of the National Assembly of Venezuela, Juan Guaido, who proclaimed himself president of Venezuela; in Mexico City, Mexico, 23 January 2019. Different cities throughout the Latin America were the scene of gatherings of Venezuelans who supported the self-proclamation of Guaido and in rejection of the government of President Nicolas Maduro. EPA/SASHENKA GUTIERREZ EPA

Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua na Venezuela para apoiar o dirigente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino.

O número de manifestantes mortos durante os protestos ocorridos, na quarta-feira, em toda a Venezuela contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro aumentou para sete, de acordo com o mais recente balanço das autoridades.

Quatro pessoas foram mortalmente baleadas na cidade de Barinas, no sul do país, segundo o porta-voz da oposição Freddy Superlano.

A mesma fonte acrescentou que membros da polícia e da Guarda Nacional estavam a dispersar os manifestantes no final de uma marcha da oposição quando o tiroteio começou, fazendo igualmente três feridos.

No Estado de Tachira, três pessoas morreram em protestos na cidade de San Cristobal, indicou um porta-voz da Proteção Civil local.

Dezenas de milhares de pessoas em Caracas e por toda a Venezuela saíram à rua para apoiar o dirigente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino e expressou a intenção de convocar "eleições livres"

"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou.

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se "em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas".

Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina, à exceção de México, Bolívia e Cuba, e da Rússia - que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que "os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados" e instando à "abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional".

Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela "vontade inequívoca" mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro "compreenda que o seu tempo acabou" e apelou para a realização de "eleições livres".

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

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