Política

Marcelo insiste no "esforçozinho" da banca e afirma que nova subida dos juros "aperta famílias"

Tiago Petinga/Lusa (arquivo)

O chefe de Estado português comentou esta quinta-feira o anúncio do aumento em 25 pontos base das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e o "travão" de quarta-feira da Reserva Federal à subida dos juros.

O Presidente da República, que já tinha pedido aos bancos "um esforçozinho" da banca para aumentar a remuneração dos depósitos a prazo, insiste esta quinta-feira no pedido e apela a que os bancos percebam "que isto está a apertar, neste momento ainda, muitas famílias portuguesas".

O Banco Central Europeu confirmou esta tarde a subida das taxas de juro em 25 pontos base, com a principal taxa a subir para 3,5%. Ainda, as taxas Euribor subiram esta quinta-feira a três, a seis e a 12 meses face a quarta-feira, nos dois prazos mais curtos para novos máximos desde dezembro de 2008.

Para Marcelo Rebelo de Sousa esta é uma situação, "para já, preocupante" devido ao "somatório desses juros, com os juros do crédito ao consumo".

"Porque as pessoas, para poderem pagar a prestação da habitação, são um milhão e duzentos mil contratos, desviam dinheiro para isso e contraem empréstimos para outro tipo de despesas de consumo e o somatório das prestações é o que fica ainda mais elevado", explica.

O chefe de Estado destaca, no entanto, os valores positivos da economia portuguesa e "a mudança de linha" dos EUA, já que na quarta-feira a Reserva Federal (Fed) decidiu fazer uma pausa nas subidas das taxas de juro, pela primeira vez desde março de 2022.

"Sobretudo positivo, Portugal curiosamente está numa linha que não é uma linha da generalidade da Europa. Estamos com uma descida de inflação um bocadinho mais rápida do que o resto da Europa, sobretudo do centro e do norte, e estamos com um crescimento superior ao resto da Europa", sublinha.

Os cenários conflituantes geram uma "mistura de sentimentos", que Marcelo traduz: "No imediato, esta subida tem um sabor amargo. Apesar de tudo, com um sabor menos amargo, a mudança americana, com a evolução de alguns países na Europa e pelo facto de sabermos que, aquilo que é a preocupação do BCE, não é tão verdade em relação a Portugal."

Marcelo Rebelo de Sousa adianta, assim, que é necessário esperar para perceber qual o impacto deste novo aumento no rendimento disponível das famílias para que se possa apurar "até onde é que é preciso que o Governo intervenha".

Cláudia Alves Mendes