Nos cuidados continuados, são milhares de camas que perdem o apoio dos fundos europeus. Em declarações à TSF, José Bourdain, presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, fala numa oportunidade desperdiçada e num erro "muito grave"
O presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados acusa o Governo de "incompetência". Em causa está a revisão em baixa do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O jornal Público escreve que na proposta de revisão do PRR, que o Governo entregou na sexta-feira feira a Bruxelas, estão previstos cortes, sobretudo, na área social. Nos cuidados continuados, são milhares de camas que perdem o apoio dos fundos europeus, algo que não surpreende José Bourdain.
"Há poucas semanas acusei o Governo de perder aproximadamente cerca de cem milhões de euros do PRR. O Governo desmentiu, houve várias trocas de informação e de comunicados para os órgãos de comunicação social. E depois, passado poucos dias, enviaram um documento interno do Ministério da Saúde em que assumiam a perda de 137,5 milhões de euros no PRR dos cuidados continuadas. Costuma dizer-se que a mentira tem perna curta e isto resulta de uma enorme irresponsabilidade e incompetência, quer do Governo do Partido Socialista, quer deste atual Governo", explica à TSF José Bourdain, sublinhando que a secretária de Estado da Saúde, com a responsabilidade dos cuidados continuados, "não acautelou a recuperação do atraso que vinha do Governo anterior".
José Bourdain fala numa oportunidade desperdiçada e num erro "muito grave": "Cerca de metade do PRR era só para Lisboa e Vale do Tejo, que é a região mais necessitada e é aquela que não vai avançar. É gravíssimo e as pessoas deviam ser responsabilizadas pelos erros que cometem."
O responsável pela Associação Nacional de Cuidados Continuados dá o exemplo dos incêndios para dizer que "todos os anos acontece o mesmo e nunca se resolve o problema".
"Aqui é exatamente a mesma situação, tivemos uma oportunidade de ouro, de dinheiro a fundo perdido da União Europeia para investir em camas de cuidados continuados, que foi desbaratada por incompetência", acrescenta, alertando que a falta de camas neste setor significa que, neste inverno, os hospitais do SNS vão voltar a encher-se de filas e doentes nos corredores.