A atleta conquistou a primeira medalha de ouro na categoria -57 kg há três anos, nos Jogos Sudolímpicos de Caxias do Sul, e, por isso, torna-se agora bicampeã
A judoca Joana Santos conquistou este domingo a medalha de ouro na categoria -57 kg nos Jogos Surdolímpicos de Tóquio 2025.
Joana Santos, de 35 anos, garantiu o ouro, ao vencer na final a turca Buse Tiras, no golden score, depois de ter derrotado nas meias a venezuelana Mayerlyn Barreto Rodrigues, também no 'golden score', e nos quartos de final a sul coreana Eujni Seo, por 'ippon.
"A história escreveu-se hoje em Tóquio. A 5.ª medalha noutros tantos jogos, a 3.ª de ouro! Com garra, com alma e com um coração que nunca tremeu. (...) Uma medalha de ouro que honra o trabalho, o sacrifício, as quedas, as superações e... o amor pelos seus dois filhos, a força maior por trás de cada ippon. Hoje, Portugal é mais gigante", lê-se numa publicação no Facebook do Comité Paralímpico de Portugal.
A atleta conquistou a primeira medalha de ouro nesta categoria há três anos, nos Jogos Sudolímpicos de Caxias do Sul, e, por isso, torna-se agora bicampeã.
Susana Lourenço, a chefe da missão desportiva, congratula-se com a "primeira medalha" em Tóquio, apontando que a comitiva "começou num bom caminho".
"Foi um dia muito especial, e emotivo. Transbordei de alegria com esta medalha, a minha terceira de ouro em Surdolímpicos, vou recordá-la para sempre", afirmou a judoca, em declarações reproduzidas pelo Comité Paralímpico de Portugal (CPP), após ter subido ao pódio.
Joana Santos, que na categoria -63 kg foi medalha de ouro em Taipé2009, prata em Sófia2013 e bronze em Samsun2017, admitiu que os combates da meia-final e final foram difíceis, considerando que o facto de "conhecer bem as adversárias ajudou muito".
"A final foi dura, muito dura, mas eu não queria ficar em segundo lugar, estava muito convicta do que queria", referiu a judoca, que se mostrou ansiosa por falar com os filhos, de sete e dois anos, e perceber "se eles acreditam mesmo que a mãe ganhou a medalha".
Aos 35 anos, Joana Santos assume que quer ser um exemplo: "Quero incentivar todas as mulheres surdas a praticarem desporto, seja qual for a modalidade. Não é fácil, eu sei, mas é possível."
O treinador Delfim Martins, que em Tóquio substituiu Júlio Marcelino, o habitual técnico da judoca, mostrou-se, naturalmente, satisfeito com a conquista e admitiu que a comunicação foi o maior desafio.
"Estou feliz, pela Joana e pelo mestre Júlio. Para mim [no trabalho com a judoca], o grande desafio foi o da comunicação, o de entender a personalidade. Não sabia como comunicar em competição, tive que trabalhar a situação dos códigos para que a comunicação fosse o mais fluida possível", disse.
A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, e a secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, assistiram no Tokyo Budokan aos combates da judoca, uma das duas atletas femininas da comitiva nacional.
A medalha de Joana Santos é a 18.ª conseguida em Jogos Surdolímpicos por Portugal, que soma em Tóquio a sua nona participação no evento.
Os Jogos Surdolímpicos Tóquio 2025 marcam o centenário desta competição multidesportiva, cuja primeira edição decorreu em 1924, com a capital japonesa a acolher aproximadamente três mil atletas de cerca de 80 países, que competirão em 21 modalidades distribuídas por 17 arenas.
O evento é organizado pelo Comité Internacional de Desporto para Surdos (ICSD), criado em 1924 e que em 1955 foi admitido pelo Comité Olímpico Internacional (COI) como federação internacional.
Para participar nos Jogos, os atletas devem ter perdido 55 decibéis no seu "ouvido melhor", não sendo permitido o uso de quaisquer aparelhos ou implantes auditivos.