O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos voltou hoje a exigir a demissão do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais na sequência da lista VIP. Paulo Ralha identificou também José Maria Pires como o «pivô» do caso das listas VIP e disse que o PSD sabia de tudo desde 20 de janeiro.
«Se o secretário de Estado [Paulo Núncio] não sabia - e o gabinete dele está a 300 metros do gabinete do diretor-geral da Autoridade Tributária [AT] - não tem capacidade para controlar a máquina aduaneira. Se sabia é incompetente, e então também não deve estar no cargo», afirmou hoje Paulo Ralha.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) está a ser ouvido na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública esta tarde sobre a alegada lista VIP de contribuintes na AT (mediáticos, da área política, financeira e económica), a cujo cadastro terá sido aplicado um filtro que permitiria detetar quem lhe acedia.
Admitindo não ter «nada de concreto, de palpável ou de factual» sobre a participação do secretário de Estado na criação da lista, Paulo Ralha garantiu que ela é «indicada por Paulo Núncio ao responsável da segurança informática [José Manuel Morujão Oliveira]», segundo informações fornecidas por trabalhadores da AT.
«Não há ninguém em nenhuma administração pública neste país que implemente uma prática deste tipo sem haver conhecimento político, porque mais uma vez caímos ou na incompetência ou na conivência», afirmou Paulo Ralha.
O sindicalista considerou que «esta matéria é grave de mais» e que, sendo que os «dirigentes da casa [AT] sabiam das implicações legais» da implementação da lista, «nunca o fariam por sua livre implementação».
Paulo Ralha identificou ainda hoje o subdiretor-geral da AT, José Maria Pires, como o «pivô» do caso das listas VIP. O presidente do STI desresponsabilizou assim o diretor-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, António Brigas Afonso.
Paulo Ralha revelou também que Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Manuel Pinho são alguns dos nomes que fazem parte da lista VIP e que levaram à instauração e processos disciplinares que, desde novembro, não pararam de crescer.
Na audição parlamentar, Paulo Ralha revelou também que o PSD sabia desde janeiro o que se estava a passar: «no dia 20 de janeiro tivemos uma ronda com o PSD em que chamámos a atenção para a existência desta lista. Um deputado esteve presente nesta reunião e está aqui. O PSD soube-o em primeira mão que na parte da manhã que, na Torre do Tombo, Victor Lourenço tinha proferido estas afirmações».
Questionado pelos jornalistas, à margem da comissão a propósito das declarações de Paulo Ralha, o deputado social democrata Duarte Pacheco, que esteve presente nessa reunião, nega que essa informação tenha feito parte do encontro.
Duarte Pacheco, à saída da audição, foi muito crítico para com o que diz terem sido acusações sem prova por parte do presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. Pelo CDS, também à saída da audição, Vera Rodrigues fala em suspeições inadmissíveis.