O ex-presidente da Comissão Europeia diz, em entrevista à TSF, que o governo demonstra seriedade intelectual ao anunciar dificuldades em ano de eleições, desvaloriza as críticas da Comissão e do FMI sobre as reformas estruturais, mas pede a continuação dos esforços.
«Aquilo que me tem chegado do governo português tem sido uma mensagem que continua a ser de rigor. Aliás, em termos político-eleitorais é mesmo surpreendente que o governo continue a anunciar dificuldades para o futuro. Normalmente, os governos gostam de dizer, sobretudo antes das eleições, que tudo vai correr bem.», diz Durão Barroso à TSF, considerando que o governo português «não pode ser acusado de estar a vir com promessas irrealistas». Pelo contrário, defende o ex-presidente da Comissão Europeia: «Até aquilo que tenho ouvido do primeiro-ministro e da ministra das Finanças tem sido no sentido de que devemos continuar os nossos esforços. E isso parace-me uma atitude intelectualmente e politicamente muito séria».
Durão Barroso desvaloriza as críticas que a Comissão Europeia e o FMI têm feito sobre o abrandamento das reformas estruturais, dizendo que «as posições das instituições que têm vindo a público revelam mais uma preocupação por aquilo que possa vir a acontecer do que aquilo que aconteceu». O antigo responsável da Comissão entende que «Portugal fez um grande esforço» e que, «graças a esse grande esforço, voltou a ganhar credibilidade do ponto de vista internacional».
Ainda assim, Barroso avisa que Portugal «não deve abandonar esse esforço». «Eu sei que isto foi muito difícil, eu sei que isto continua a ser muito difícil para grande parte dos nossos compatriotas, visto que foram medidas que exigiram sacrifícios muito grandes, mas de facto eram necessárias, atendendo à situação quase de insolvência em que o país se encontrava», diz o antigo primeiro-ministro.
Entrevista à margem de uma conferência em Roma, organizada pela consultora EY, sobre o crescimento económico no Mediterrâneo.