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Mais de 400 mil crianças sírias na Turquia não vão à escola

Capa do relatório da Human Rights Watch com refugiados sírios chegam à Turquia em setembro de 2014 Michael Christopher Brown/Magnum/Human Rights Watch

A Human Rights Watch diz que a língua, o trabalho infantil e a falta de meios económicos são fatores que conduzem a esta realidade.

A conclusão é Human Rights Watch num relatório com o título "When I Picture My Future, I See Nothing", em português, "Quando imagino o meu Futuro, não vejo nada". No documento, revelado esta segunda-feira, a organização não governamental de defesa dos direitos humanos diz que há na Turquia mais de 400 mil crianças, refugiadas da Síria, que não vão à escola.

A organização destaca a boa vontade demonstrada até agora pelas autoridades turcas, mas lembra que não chegou para eliminar todas as barreiras.

Stephanie Gee, uma das autoras do relatório da Human Rights Watch, diz que o maior problema nem está no governo turco, que tem respondido de forma positiva a este problema, abrindo as portas das escolas às crianças. O desafio maior é a língua, mas há também questões económicas.

Para a Human Rights Watch, é toda uma geração síria que se arrisca a ficar sem futuro.

Na Síria, 99% das crianças frequentavam a escola primária e 82% no terceiro ciclo do ensino básico. Atualmente, estima-se que 3 milhões de crianças sírias em idade escolar não frequentem qualquer tipo de ensino.

A Human Rights Watch apela à comunidade internacuional que contribua financeira e tecnicamente para garantir o acesso à educação das crianças sírias.

A Turquia, tem suportado, até agora, o grosso da fatura. Dos 6500 milhões de euros gastos com o acolhimento de refugiados da guerra na Síria, nos últimos quatro anos e meio, mais de 200 milhões foram destinados à educação das crianças sirias nos últimos dois anos.

Até ao final deste ano letivo, devem juntar-se mais 100 mil crianças, às actuais 270 mil que já frequentam a escola. O relatório que está a ser divulgado esta segunda-feira, é a primeira de três partes sobre a situação das crianças sírias refugiadas, e foca só a situação na Turquia. Vão seguir-se retratos no Líbano e na Jordânia.