Estrangeiros detidos por se manifestarem a favor da independência do Tibete
Numa altura em que a chama olímpica já chegou a Pequim, quatro estrangeiros manifestaram-se, esta quarta-feira, a favor da independência do Tibete perto do estádio onde vão decorrer os Jogos Olímpicos de Pequim que começam daqui a dois dias. Os activistas já foram presos pelas autoridades chinesas.
Corpo do artigo
A chama olímpica chegou na quarta-feira a Pequim, dois dias antes da abertura dos XXIX Jogos Olímpicos depois de ter percorrido 140 quilómetros, atravessando cinco continentes.
O primeiro estafeta na capital, saído da Praça Tiananmen, foi o astronauta chinês Yang Liwei, seguido pouco depois pelo basquetebolista Yao Ming, «estrela» chinesa do NBA norte-americano.
Mas nem tudo corre bem em Pequim pelo menos do ponto de vista das autoridades chinesas. O grupo Estudantes para um Tibete Livre (Students for a Free Tibet, em inglês) afirmou que quatro activistas do Reino Unido e dos Estados Unidos conseguiram hastear bandeiras do Tibete.
Os activistas desenrolaram duas faixas de 13 metros quadrados nas proximidades do Estádio Nacional «Ninho de Pássaros».
O grupo divulgou fotografias dos seus representantes a prenderem as faixas a postes de electricidade com a Aldeia Olímpica ao fundo.
As faixas apresentavam o lema dos Jogos Olímpicos escrito em inglês e as palavras de ordem a favor da independência do Tibete: «One World, One Dream: Free Tibet» e «Tibet Will Be Free» (em português, «Um mundo, Um sonho: Tibete Livre» e «O Tibete será livre»).
«Dias antes do início dos Jogos Olímpicos e quando todos os olhos estão postos na China, apelamos ao mundo para que se lembre que milhões de tibetanos estão a gritar pelos Direitos Humanos e pela liberdade», afirmou Tenzin Dorjee, director delegado do grupo.
A manifestação durou cerca de uma hora até à chegada das autoridades chinesas que retiraram as faixas, segundo um comunicado do grupo.
De acordo com a agência Nova China, os quatro manifestantes, três homens e uma mulher, que entraram na China com vistos de turista, foram presos 12 minutos depois do início do protesto.
O Tibete, a região dos Himalaias conhecida como o «tecto do mundo» é governado pelo Partido Comunista chinês desde 1951.
Grupos de tibetanos acusam Pequim de uma repressão política, religiosa e cultural, enquanto a China insiste que tem contribuído para o desenvolvimento económico-social da região.
Protestos pacíficos eclodiram em Março em Lassa, capital tibetana, para voltar a reclamar a independência da província chinesa.
Mas uma onda de violência acabou por se espalhar na cidade e nas regiões vizinhas tendo como consequência, resultando na morte de 203 pessoas, segundo o governo tibetano no exílio devido à repressão chinesa para travar os protestos.
A China diz que agiu com contenção e que apenas um tibetano morreu na acção policial levada a cabo.