"Foi grave." CNID denuncia tentativas de coação a jornalistas antes da AG do FC Porto
O presidente do CNID reconhece, em declarações à TSF, que "o desporto é um campo de emoções", mas sublinha, por outro lado, que a proteção do trabalho dos jornalistas é "essencial em democracia".
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O CNID - Associação dos Jornalistas de Desporto anunciou esta terça-feira ter havido tentativas de coação a jornalistas por parte de adeptos instantes antes da Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, que foi suspensa na segunda-feira. O líder da associação considera que o que se passou "foi grave" e destaca que "é essencial, em democracia, que os jornalistas possam trabalhar livremente".
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"Houve várias jornalistas a quem tentaram coagir, mandando-os embora, agredindo-os verbalmente, batendo nos carros e foi essa a situação que denunciámos, como temos feito com todas as situação anómalas e que impedem o livre trabalho dos jornalistas", apontou o presidente da associação, Manuel Queiroz.
O líder do CNID reconhece que "o desporto é um campo de emoções e tudo o que tem que ver com emoções é sempre complicado", mas sublinha, por outro lado, que a proteção do exercício livre do jornalismo "é essencial em democracia".
Denunciando as "atitudes cobardes e de incitação à violência" de uma "pequena minoria ruidosa", o CNID solicitou "especial atenção" às forças policiais e pediu ao FC Porto que, dentro das suas diligências aos desacatos ocorridos durante a AG, inclua uma "pequena investigação" para poder "ajudar a responsabilizar gente que não interessa ao desporto".
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"Tudo o que seja investigar e a apurar as causas e as consequências de determinados atos é positivo. Eu não sei se a investigação vai até àquilo que se passou cá fora e aquilo que se passou cá fora foi também grave em algumas circunstâncias e foi mal gerido pelo FC Porto, que devia ter pensado melhor na organização da AG", explica Manuel Queiroz, acrescentando que aquilo "que se passou lá dentro é outro âmbito".
"O que se passou lá dentro é do âmbito do clube, dos socios, e aí não faço a menor ideia do que o Ministério Público pode fazer", afirma.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Lourenço Pinto, suspendeu os trabalhos na segunda-feira, na sequência de uma sessão magna agitada e com confrontação entre sócios, que incidia na deliberação dos novos estatutos do clube, mas, face à forte afluência, mudou de local à última hora.
A AG extraordinária estava agendada para começar a partir das 21:00, num auditório do Estádio do Dragão, com lotação para quase 400 pessoas, número largamente abaixo dos milhares de sócios que se juntaram nas imediações, com a MAG a transferir os trabalhos para o pavilhão Dragão Arena, que ultrapassa os 2.000 espetadores em dias de jogos.
A reunião magna reiniciou já depois das 22h30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.
Os trabalhos foram suspensos e remarcados para 20 de novembro, às 21h00, no Dragão Arena, com o FC Porto a assegurar hoje que utilizará "os meios que tem ao seu alcance" para identificar os responsáveis pelas "agressões físicas" e abrir processos disciplinares.
A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.
Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os 'dragões', desde que salvaguardem o "manifesto interesse do clube".
Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.