Antigo vice-presidente portista Guilherme Aguiar assinala na TSF que, apesar de algumas reuniões terem já abordado "pontos muito sensíveis, nunca houve uma situação como esta", e acredita que o resto dos trabalhos decorrerá em condições de segurança.
Corpo do artigo
Com o reinício da assembleia-geral (AG) do FC Porto que foi interrompida por agressões entre sócios já marcada para as 21h00 da próxima segunda-feira, o antigo vice-presidente portista José Guilherme Aguiar acredita que os trabalhos vão decorrer em segurança e sem problemas, mas avisa que o que se viu não pode repetir-se.
Em declarações à TSF, o ex-responsável portista nota que além de não ter dado uma imagem de democracia, "nunca mais poderá ocorrer no FC Porto" uma AG como a que foi interrompida.
"Somos um clube com 130 anos de existência, temos um passado com muitas AG, a que durante 13 anos assisti, e com pontos muito sensíveis, discussões muito acicatadas e nunca houve uma situação como esta, é um facto", reconhece Guilherme Aguiar.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\guilherme_aguiar_1_podem_ir_sem_repetir
Ainda assim, "a partir do momento em que estejam asseguradas as condições de segurança para todos os sócios" comparecerem à reunião da próxima segunda-feira - "e esse objetivo foi já prometido pela direção", nota - o ex-vice azul e branco acredita que a AG será "tão preenchida ou tão concorrida como aquela que foi interrompida", mas desta feita os sócios poderão "discutir as questões que são importantes para o clube".
A mesa da AG do FC Porto apelou a que os sócios cheguem mais cedo à reunião da próxima segunda-feira e anunciou que vai ainda decidir medidas adicionais de segurança nos próximos dias.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\miguel_jorge_fernandes_ag
As mesas de credenciação de sócios vão ser mais, podendo chegar às dez, e vão poder entrar na nova reunião os associados que assim o quiserem fazer, tenham ou não estado na reunião suspensa.
Questionado sobre a possibilidade de, nas próximas eleições, Pinto da Costa poder vir a ter a concorrência de nomes como o de André Villas-Boas nas eleições que estão marcadas para abril, o antigo vice portista notou que "falta muito tempo" até lá.
Já o surgimento de outras candidaturas "não é, de modo algum, uma situação preocupante. É sempre um rejuvenescimento pelo menos daqueles que se candidatam, sabendo bem da força que Jorge Nuno Pinto da Costa continua a ter", avisou.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\guilherme_aguiar_2_eleicoes_n_ha_pro
MP abriu inquérito: o que aconteceu?
O Ministério Público (MP) anunciou esta terça-feira que abriu um inquérito aos incidentes ocorridos na AG extraordinária do FC Porto, suspensa na segunda-feira.
"Tendo em conta os acontecimentos sucedidos na AG do FC Porto, que teve início em 13 de novembro, amplamente divulgados na comunicação social e suscetíveis de integrarem infrações criminais de natureza pública, foi determinada a instauração de inquérito, que corre termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] da Procuradoria da República do Porto", sinalizou o órgão.
O presidente da Mesa da AG, José Lourenço Pinto, suspendeu os trabalhos na sequência de uma sessão magna agitada e com confrontação entre sócios, que incidia na deliberação dos novos estatutos dos vice-campeões nacionais de futebol, mas, face à forte afluência, mudou de local à última hora.
A AG extraordinária estava agendada para começar a partir das 21h00, num auditório do Estádio do Dragão, com lotação para quase 400 pessoas, número largamente abaixo dos milhares de sócios que se juntaram nas imediações, com a MAG a transferir os trabalhos para o pavilhão Dragão Arena, que ultrapassa os 2000 espetadores em dias de jogos.
A reunião magna reiniciou já depois das 22h30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.
Os trabalhos foram depois suspensos e remarcados para 20 de novembro, às 21h00, no Dragão Arena, sendo que a direção do FC Porto condenou os desacatos, assegurando que utilizará "os meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões físicas e mobilizará os órgãos sociais", visando a instauração de processos disciplinares.
A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.
Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os dragões, desde que salvaguardem o "manifesto interesse do clube".
Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.
*com Lusa