O ex-presidente do Sporting revela detalhes das reuniões que teve com Jesus após a derrota na final da Taça de Portugal. Bruno de Carvalho acusa ainda Frederico Varandas de "hipocrisia".
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Bruno de Carvalho acusa o antigo treinador do Sporting, Jorge Jesus e o atual presidente do clube, Frederico Varandas, de terem sido "os homens que potenciaram os efeitos negativos" que o ataque à Academia teve sobre a sua presidência. No novo livro "Sem Filtro - Histórias da Minha Presidência", o ex-líder conta que, numa reunião com Jorge Jesus, explicou ao técnico que não compreendeu a decisão de cancelar os treinos antes do jogo da final da Taça de Portugal, que o Sporting perdeu frente ao Desportivo das Aves.
"Nessa reunião com o Jorge, expliquei-lhe que a sua decisão de ter cancelado os treinos nos dias seguintes ao que aconteceu em Alcochete só serviu para aumentar ainda mais toda a especulação em torno do meu alegado envolvimento. O Sporting fez apenas um treino, e já no relvado do Jamor, na véspera da final. Nessa altura, também tive de ler e ouvir coisas tão estapafúrdias como o Sporting estar a treinar debaixo de grandes medidas de segurança. O melhor, volto a dizer, teria sido treinar na Academia ou em Alvalade logo no dia seguinte aos ataques para tentar transmitir alguma normalidade aos jogadores. Para mostrarmos que não teria sido aquele ataque cobarde a pôr em causa os nossos objetivos, união e grandeza", escreve Bruno de Carvalho.
O antigo presidente leonino acusa ainda que Jorge Jesus de ter dado "a possibilidade a Varandas de se armar em salavador da pátria", depois de ter colocado os jogadores a trabalhar à parte na clínica do então diretor clínico. "Onde é que já se viu uma equipa andar a fazer treinos individuais antes da decisão de um título?", questiona Bruno de Carvalho.
Na reunião com Jorge Jesus, Bruno Carvalho garante que o técnico lhe garantiu que jamais iria fazer algo contra si. Mas que, durante esse encontro, Jorge Jesus lhe transmitiu algo que o deixou "intrigado", numa referência a uma candidatura de Frederico Varandas. "A máquina já está em movimento", terá dito Jesus. O enquadramento da afirmação é explicada no parágrafo seguinte.
Varandas "aproveitou contestação"
"Fiquei esclarecido mais tarde, já depois de termos sido destituídos, durante a campanha eleitoral. O Jorge aceitou o convite para pertencer à comissão de honra da lista de Frederico Varandas. O mesmo médico que agora é presidente do Sporting e que anunciou a sua candidatura aproveitando a contestação que estávamos a sofrer e a derrota na final da Taça de Portugal. Disse que foi precisamente no relvado do Jamor, após o jogo, que tomou aquela decisão. Por tudo o que já expliquei, é óbvio que ele já pensava nisso há muito mais tempo."
Neste capítulo, Bruno de Carvalho lança ainda duras críticas a Frederico Varandas, acusando o atual presidente dos leões de "hipocrisia".
"Outra particularidade de Varandas: costumava vir ter comigo e dizer cobras e lagartos sobre o Jorge. Que era um mau treinador, que massacrava os jogadores e que depois estes tinham muitas lesões, que não ouvia as recomendações do departamento clínico. Depois, mais tarde, já eram grandes amigos e até o convidou para a sua comissão de honra. É a prova de que a hipocrisia, para algumas pessoas, não tem limites. E tudo isso faz com que, ao dia de hoje, me arrependa bastante de não ter demitido Jorge Jesus logo naquela reunião após a derrota com o Marítimo. Teria sido a melhor opção".
No livro que chegou esta sexta-feira às bancas, Bruno de Carvalho revela detalhes da invasão à Academia de Alcochete , precisamente uma semana antes da final da Taça de Portugal.
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