O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro afirmou hoje, perante uma plateia de investidores imobiliários internacionais, que as pessoas «só acabam com os maus hábitos quando enfrentam choques» para exemplificar o que está a ser feito na economia portuguesa.
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Carlos Moedas, que fazia a sua intervenção na 15.ª Conferência Europeia IPD de Investimento Imobiliário, em Lisboa, dava o exemplo da dificuldade da mudança, fazendo uma analogia entre as empresas e os países.
«O mercado imobiliário teve alterações dramáticas nos últimos anos e sabemos que mudar é difícil e as companhias fazem tudo para resistir até ser, às vezes, demasiado tarde», pelo que «muitas empresas e pessoas só acabam com os maus hábitos quando enfrentam o choques», afirmou.
O governante adiantou que, «ao nível do país, a mudança é ainda mais difícil», porque existem «grupos de interesse, lóbis, vozes minoritárias que beneficiam do 'status quo' e uma mentalidade conservadora».
Na sua intervenção, Carlos Moedas fez um diagnóstico da última década da economia portuguesa e as razões que levaram Portugal a pedir assistência financeira internacional.
«Entre 2000 e 2012, a economia portuguesa cresceu menos que os Estados Unidos durante a Grande Depressão ou o Japão na sua Década Perdida. É um poderoso, conciso e depressivo sumário da nossa economia nos primeiros anos do século XXI», disse, acrescentando, no entanto, que «este pequeno desvio é a exceção à regra» já que Portugal «está a convergir com a Europa ocidental desde os anos 60».
Para Carlos Moedas não há qualquer «razão estrutural ou de longo prazo que proíba Portugal de voltar mais uma vez a este caminho de convergência».
O secretário de Estado referiu que Portugal não teve «uma bolha imobiliária, mas uma bolha da despesa», que cresceu 131% entre 1995 e 2009.
«Este crescimento dramático da despesa resultou em grandes melhorias no setor público, principalmente na saúde e infraestruturas, mas também gerou uma série de severas distorções na economia», sublinhou.
«O crédito fácil e um Estado generoso mascararam as fragilidades da nossa economia e removeu todos os incentivos para fazer reformas laborais e nos mercados», acrescentou Carlos Moedas.