Um dos autores do relatório do FMI, que apresenta propostas para cortar 4 mil milhões de euros na despesa, afirmou em Espanha que a atual crise está a ser aproveitada para fragilizar o Estado.
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O economista espanhol Carlos Mulas Granados afirma, num texto hoje reproduzido pelo Diário de Notícias, que a redução do défice não tem de estar associada a cortes dolorosos nas despesas sociais.
O documento divulgado pelo DN onde consta essa afirmação chama-se "Acertar contas com os conservadores na disciplina orçamental" e Carlos Mulas Granados é um dos subscritores.
No texto pode ler-se que os conservadores estão a tentar utilizar os ajustamentos orçamentais para reduzir o papel e o tamanho do Estado. Aliás, o primeiro-ministro britânico David Cameron é apontado como exemplo a não seguir, pois um corte de 1,3 por cento do PIB em despesas sociais representa uma ameaça ao Estado social.
Carlos Mulas Granados é professor de economia na universidade Complutense, é membro do PSOE e foi assessor económico do Governo de José Luis Zapatero. No ano passado, lançou no twitter uma campanha contra a austeridade.
O relatório sobre a reforma do Estado em Portugal não foi o seu primeiro trabalho para o Fundo Monetário Internacional. Já tinha sido co-autor de um estudo do FMI sobre a política orçamental na sequência de crises financeiras.
Nesse estudo, é defendido que políticas orçamentais expansionistas contribuem para encurtar a duração das crises em quase um ano e que estímulos baseados em gastos do Estado são até mais eficazes do que o investimento público.
O Diário de Notícias diz que não conseguiu ouvir Carlos Mulas Granados apesar das várias tentativas por telefone e email.