
Foto: Carlos Carneiro
Os dados do Banco de Portugal têm em conta o consumo de eletricidade e gás natural, o tráfego de veículos pesados nas autoestradas, a carga e correio desembarcados nos aeroportos e as compras feitas com cartões
A greve geral da semana passada provocou uma forte queda da atividade económica. Os dados do Banco de Portugal, revelados pelo Jornal de Negócios, mostram que, no dia da paralisação convocada pela CGTP e UGT, a atividade económica caiu 8%.
Esta queda só é superada pelo apagão, a 28 de abril, quando Portugal e Espanha ficaram sem eletricidade durante quase 12 horas. Na altura, a atividade económica caiu 14,7%.
Na medição do Banco de Portugal, são levados em conta o consumo de eletricidade e gás natural, o tráfego de veículos pesados nas autoestradas, a carga e correio desembarcados nos aeroportos e as compras feitas com cartões.
Em declarações à TSF, Ana Pires, da comissão-executiva da CGTP, considera que o Governo devia pedir desculpa e esquecer o pacote laboral. Defende também que os números do Banco de Portugal confirmam o que a central sindical sempre disse.
"É mais um indicador que comprova aquilo que já tínhamos conhecimento, não só pelo trabalho de preparação e de construção desta greve geral, mas também dos milhares locais de trabalho que sabemos que, por via da mobilização e do esclarecimento, manifestaram disponibilidade para a luta e depois que aderiram. Esta é uma realidade que só mesmo o Governo é que teima em continuar a negar", explica à TSF Ana Pires.
Questionada sobre se o Executivo deveria retratar-se depois de falar numa greve "inexpressiva", Ana Pires responde: "O Governo devia ouvir a voz dos trabalhadores, que teve esta expressão massiva no dia da greve geral, e retratar-se seria, respondendo a esta voz, retirar o pacote laboral e promover negociações em torno da legislação laboral, numa perspetiva de progresso."
O Governo considerou a greve geral "inexpressiva", argumentando que a maioria do país esteve "a trabalhar", mas os dados do Banco de Portugal contrariam, assim, a perceção do Executivo.
O impacto da greve geral gerou uma "guerra de números" entre o Governo e os sindicatos: a CGTP e a UGT indicaram que foi "uma das maiores greves de sempre e o Governo de Luís Montenegro desvalorizou a paralisação, apontando uma adesão entre "0 e 10% nos setores privado e social".
