
Mário Cruz/Lusa
O antigo líder do BES foi ouvido ontem, e pela segunda vez, na comissão de inquérito BES/GES, prolongando-se a presença do ex-banqueiro no parlamento pelas primeiras horas desta sexta-feira. As intervenções de Ricardo Salgado centraram-se, sobretudo, em ataques ao Banco de Portugal (BdP) e ao seu papel na gestão do BES e do Grupo Espírito Santo.
Corpo do artigo
Depois de ter criticado o facto de só ter tido conhecimento dos resultados da auditoria forense à gestão do BES encomendada pelo Banco de Portugal pela comunicação social, Salgado referiu-se a várias questões que são levantadas neste âmbito e que apontam para gestão danosa, tentando desmontá-las.
No que refere à Portugal Telecom e às aplicações da empresa em dívida do GES, Salgado assegurou que os líderes da operadora, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, e os acionistas da Oi, conheciam a aplicação da operadora em dívida de "holdings" do GES. O antigo banqueiro afirmou que «o dr. Henrique Granadeiro e o engenheiro Zeinal Bava sabiam».
Salgado reconheceu ainda que já teve contas em "offshores", mas que atualmente tal já não sucede. Assim como declarou ainda que «não houve qualquer desvio de fundos» e o dinheiro do banco «não foi para os bolsos dos acionistas, entre os quais se encontrava a família Espírito Santo».
«O dinheiro não foi para os bolsos dos acionistas, entre os quais se encontrava a família Espírito Santo. Mas o dinheiro não desapareceu. (...) O relatório elaborado pela KPMG sobre a Espírito Santo International (ESI) demonstra que não houve qualquer desvio de fundos», declarou.
A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro passado e a audição de Salgado foi a primeira repetição nesta comissão.
A última audição prevista para a comissão de inquérito é a da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que prestará novo depoimento perante os deputados na próxima quarta-feira.