No final da audição na comissão de inquérito, o antigo presidente da PT citou Egas Moniz, o aio de D.Afonso Henriques, dizendo «desta vez errei, mas em todas as outras cumpri».
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Foi com uma declaração emocionada que Henrique Granadeiro terminou a longa sessão em que respondeu aos deputados que apreciam o que aconteceu no BES e no GES.
O antigo responsável da Portugal Telecom já antes tinha pedido desculpa aos acionistas da empresa que «foram severamente lesados por uma opção estratégica que tinha tudo para correr bem», reconhecendo que «muita coisa falhou».
Numa fase anterior da audição, Henrique Granadeiro, disse estar convencido de que Zeinal Bava, antigo gestor da operadora, conhecia o investimento da empresa na compra da dívida da Rioforte que depois acabaria por abrir falência.
Quando questionado, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, sobre um eventual conhecimento de Zeinal Bava da aplicação de 897 milhões de euros em dívida da Rioforte, "holding" do GES, Granadeiro disse: "é o que deduzo".
Antes, Henrique Granadeiro havia dito ser responsável apenas por um investimento de 200 milhões de euros da PT SGPS na Rioforte, num total de 897 milhões de euros.
Desse investimento de 897 milhões, sublinhou, 200 foram por si decididos enquanto presidente executivo da PT SGPS e os restantes 697 milhões de investimento em dívida da Rioforte terão sido conduzidos por «outros».
«Na minha convicção foram decididos o âmbito da PT Portugal», revelou, sendo que a empresa era então presidida por Zeinal Bava, também presidente executivo da brasileira Oi, e é convicção de Granadeiro que Bava teria conhecimento desse investimento.
Entre 15 e 17 de abril, a PT SGPS e a PT Finance renovaram as aplicações na Rioforte no valor de 897 milhões de euros, valor que nunca chegou a ser reembolsado, o que teve consequências no processo de fusão da PT com a brasileira Oi.
A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.
Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo «apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades».