O PSD considera que o ministro foi pedagógico na forma como expôs as opções do executivo. Do lado do CDS, o deputado João Almeida apelou à responsabilidade política.
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O vice-presidente da bancada do PSD, Miguel Frasquilho, considerou hoje que «ninguém está satisfeito» com a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012, mas alegou que «a alternativa seria a bancarrota».
Por outro lado, o deputado defendeu que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, «explicou pormenorizadamente a natureza do desvio e da derrapagem orçamental de 2011, que ascende a 3400 milhões de euros».
Quanto ao cenário macroeconómico do Governo para 2012, segundo o qual a economia portuguesa vai registar uma recessão de 2,8 por cento e o desemprego vai atingir os 13,4 por cento, Miguel Frasquilho qualificou-o de «realista».
No seu entender, Portugal vai ter «uma recessão profunda em 2012, com consequências negativas também sobre o emprego e o desemprego» e o ministro das Finanças «não escondeu as dificuldades» aos portugueses.
Segundo o social-democrata, a proposta de Orçamento para 2012 «não vai para além das metas» do programa de assistência económica e financeira a Portugal, «visa exactamente cumpri-las, e num ambiente muito difícil, quer em termos internacionais, quer nacionais, sobretudo devido à derrapagem das contas publicas que é bem visível em 2011».
Questionado se a proposta do Governo permite ver "uma luz ao fundo do túnel", o antigo secretário de Estado do Tesouro e Finanças respondeu que «o ministro deixou a porta entreaberta para que em 2013 a situação possa melhorar», depois de em 2012 «todos» terem de «fazer esforços muito grandes».
Pelo CDS-PP, o deputado João Almeida salientou a importância de serem alcançados consensos em torno da proposta de Orçamento do Estado (OE), que considera pedir um esforço maior a «quem mais tem».
De acordo com o CDS, «há preocupação de excluir desse esforço os que maiores dificuldades têm, com medidas de ética social na austeridade e há um esforço muito mais significativo pedido aqueles que estão no topo de todos os impostos».
«Há sobre taxas agravadas para as empresas que têm maiores lucros, para os dois escalões mais altos do IRS, as deduções acabam para os dois escalões mais altos do IRS», sustentou.
Questionado sobre o conteúdo da proposta de OE e as explicações do ministro Vítor Gaspar, sobre a estratégia de crescimento, João Almeida respondeu que sem a consolidação orçamental que resgate a «credibilidade» nacional, «não há crescimento», e salientou a importância para o «sector exportador e transformador» do acréscimo de meia hora de trabalho.
«Este não é o orçamento dos aeroportos onde não há aviões, das autoestradas onde não passam carros ou dos postos de carregamento para carros eléctricos que não existem. Essas ficções, que foram as ficções que nos venderam um crescimento económico que acabou por existir, felizmente terminaram», defendeu.
João Almeida defendeu a importância de ser «alargada a discussão e que se busquem os consensos também eles possíveis, para que haja um compromisso sério da sociedade portuguesa» em torno do Orçamento.
«Só com esse esforço muito significativo em 2012 será possível Portugal abrir um caminho de crescimento», disse.
Para o deputado democrata-cristão, este «não é um momento para eleitoralismos, de grandes discussões partidárias, é um momento de buscas de consensos, num interesse que é o interesse de todos, de conseguir com que Portugal ultrapasse esta situação».
«A responsabilidade dos políticos tem que estar à altura do esforço dos cidadãos», sublinhou.