O líder do PCP entende que o ovo deixado pela troika permite ao Governo continuar a política de Direita, opinião partilhada pelo coordenador bloquista, João Semedo. Rui Tavares, do Livre, diz que os efeitos do programa da troika vão continuar.
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O secretário-geral do PCP acredita que a «troika estrangeira», na realidade, não saiu de Portugal com o fim do programa de assistência que terminou este sábado, uma vez que «deixou cá o ovo».
«O ovo da política de Direita, de exigências em relação ao défice das contas públicas, à legislação laboral, às perspetivas económicas e orçamentais. Deixaram o ovo para que este Governo choque e seja possível continuar esta política», frisou.
Em Queluz, Jerónimo de Sousa sublinhou ainda que o Conselho de Ministros deste sábado não passou de uma ação de propaganda e de vassalagem à Alemanha e ao grande capital.
O líder comunista considerou ainda que o «ímpeto reformista» a que o secretário de Estado Carlos Moedas se referiu após o Conselho de Ministro é um «ímpeto destruidor de muitas vidas dos portugueses».
«A esse ímpeto, quando dizem que ninguém os pode parar, nós dizemos 'podem, podem, o povo português pode parar esse ímpeto destruidor. Pode derrotá-lo já a 25 de maio», concluiu.
Opinião idêntica tem o coordenador do Bloco de Esquerda que diz que o Governo está a contar a «história da Carochinha» quando diz que tudo ficará diferente com a saída da troika de Portugal.
«Hoje ficou claro que com troika ou sem troika a política do Governo vai ser exatamente a mesma e é aquela que a troika impôs e deseja para o país, tal como Pedro Passos Coelho e Paulo Portas a desejam», sublinhou João Semedo.
Para o líder do Livre, o programa da troika pode acabar, mas os efeitos negativos vão permanecer nos próximos anos, até porque a «fatura dos três anos da troika é uma fatura que se vai pagar a longo prazo».
«Portugal é um país que voltou ao passado em muitos domínios com estes três anos da troika. A nossa economia reduziu o seu tamanho para níveis de 2001, mas noutros domínios fomos para o século passado», lembrou.
Rui Tavares recordou que Portugal assistiu à «maior vaga de imigração depois dos anos 60», que dois milhões de portugueses estão em risco de pobreza e existem agora um milhão de desempregados.