Músico angolano integra o cartaz do Festival da Língua Portuguesa (FELPO), em Salvador, onde reencontra em palco os amigos Ana Moura e António Zambujo. "Espero que seja um concerto abençoado" diz, em entrevista à TSF.
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Ondjaki. Pepetela. Jorge Amado. José Saramago. Iemanjá. Oxum. Quando Paulo Flores subir ao palco instalado no Farol da Barra, em Salvador, levará todos estes nomes para o concerto que reúne alguns dos maiores nomes da música lusófona - e que é um dos momentos altos do Festival da Língua Portuguesa (FELPO).
Na cidade baiana de Salvador, onde decorre o festival, encontrámo-lo em estúdio, pouco antes de fazer os últimos preparativos para o espetáculo, no qual o músico vai tentar fazer mais um hino ao semba e aos tons tradicionais angolanos, mas sobretudo à lusofonia.
"Na minha cabeça vai estar toda a expressão artística lusófona, que é uma palavra que por vezes precisa de ser discutida de outra forma", diz Paulo Flores, que assume: "No fundo, nem todos muitas vezes nos identificamos com essa palavra. E penso que, no exercício dessa expressão, também é importante fazê-lo".
Em entrevista à TSF, o músico angolano afirma que a questão da lusofonia pode levar a alguma "ambiguidade", mas sublinha que essa é também uma forma de continuar uma "procura".
"A procura surge também por respeito a quem me ensinou. Amália Rodrigues, Ary dos Santos, Carlos do Carmo. Todos eles ensinaram-me na dicção, no respeito pelas palavras, na forma de dizer as palavras", salienta o músico, que, notando a origem africana e os muitos anos passados em Portugal, garante: "Tenho esta lusofonia dentro de mim".
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No palco do concerto, além de Paulo Flores vão estar nomes como Ana Moura, António Zambujo, Saulo ou Daniela Mercury, representando Angola, Brasil e Portugal, num espetáculo sobre o qual deposita grandes expectativas. "Tudo isto faz parte desse encontro que, no palco, espero que seja abençoado e que todos nos possamos sentir mais próximos uns dos outros".
Durante o concerto, esperam-se parcerias entre os músicos, mas alguns duetos programados estão ainda no segredo dos deuses. Mas, para o músico angolano, além do desempenho artístico, o momento é também aproveitado como uma possibilidade de reencontrar alguns amigos.
"No meu caso, com o António Zambujo e Ana Moura há um grande respeito, é uma forma de estar que faz que, quando nos vemos, matamos saudades e temos sempre vontade de estar juntos e influenciamo-nos uns aos outros", sublinha o músico.
O Festival da Língua Portuguesa (FELPO) é organizado numa parceria entre a Prefeitura de Salvador e o Global Media Group, do qual faz parte a TSF. Além da música, até sábado, há ainda outras iniciativas dedicadas à literatura ou à gastronomia.
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