As 11 vacinas que já estão na última fase dos testes em humanos
Estão à frente na corrida contra a Covid-19, mas têm grandes diferenças entre si. Conheça as forças e fraquezas das vacinas que prometem chegar ao mercado já em 2021.
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Das 48 vacinas experimentais contra a Covid-19 que se encontram em testes clínicos em humanos, apenas 11 já entraram na fase 3, a última antes da homologação pelas autoridades, que comprova que a vacina é eficaz e segura.
Pfizer
A vacina do grupo farmacêutico norte-americano Pfizer em parceria com o sócio alemão BioNTech anunciou esta quarta-feira novos resultados da fase 3 de testes, afirmando que a taxa de eficácia é agora de 95%, cinco pontos percentuais acima dos resultados provisórios dos ensaios clínicos, que começaram em julho e envolveram quase 44 mil pessoas.
Esta terça-feira, o presidente da Pfizer, Albert Bourla, anunciou que a farmacêutica se prepara para pedir à Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos uma aprovação de emergência para a sua vacina.
A vacina da Pfizer tem por base a tecnologia genética do RNA mensageiro, que consiste em injetar nas células fragmentos de instruções genéticas que as levam a produzir proteínas ou "antígenos" específicos de coronavírus, o que, por sua vez estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos neutralizadores. Assim, se a pessoa que recebeu a vacina for contagiada pelo SARS-CoV-2, o seu organismo está preparado para o combater.
A farmacêutica ambiciona ter até 50 milhões de doses disponíveis até ao fim de 2020, o suficiente para 25 milhões de pessoas, uma vez que a vacina é administrada em duas doses, ao longo de três semanas.
O principal problema apontado a esta vacina é que tem de ser conservada a uma temperatura de -70 graus celsius, o que representa uma obstáculo logístico acrescido no armazenamento e transporte.
Moderna
A farmacêutica norte-americana Moderna anunciou que a sua vacina contra o novo coronavírus revelou uma eficácia de 94,5% nos ensaios clínicos.
Tal como no caso da Pfizer, a vacina da Moderna tem por base tecnologia genética do RNA mensageiro, mas ao contrário da primeira, pode ser mantida durante seis meses a uma temperatura de -20ºC, o equivalente à temperatura da maioria dos congeladores de uso doméstico ou médico.
Se tudo continuar a correr bem, a farmacêutica planeia produzir 20 milhões de doses até o final do ano, o suficiente para 10 milhões de pessoas, já que esta vacina é também administrada em duas doses, mas com quatro semanas de intervalo.
CoronaVac
A vacina da empresa de biotecnologia chinesa Sinovac que iniciou os teste de fase 3 para a CoronaVac com mais de 24 mil voluntários, principalmente no Brasil, demonstrou resultados seguros e induziu uma resposta imune em voluntários saudáveis, noticiou esta terça-feira a revista científica The Lancet, com base num estudo preliminar.
Isto depois de os ensaios clínicos desta vacina tiveram de ser temporariamente suspensos no Brasil após um "incidente grave" - um dos voluntários morreu devido a intoxicação aguda por sedativos, analgésicos e álcool, tendo sido retomados quando se comprovou que a vacina não teve qualquer impacto no sucedido.
A CoronaVac aposta na tecnologia do vírus inativado, segundo a qual os agentes infecciosos do SARS-CoV-2 são tratados quimicamente, ou através de calor, para deixem de ser nocivos mas conservem a capacidade de provocar uma resposta imunológica. É o método mais tradicional de vacinação.
Yin Weidong, CEO da SinoVac, disse que recebeu pessoalmente a vacina experimental e espera que esta esteja pronta no início de 2021 para distribuição em todo o mundo, incluindo na Europa e Estados Unidos.
Sinopharm
O grupo farmacêutico chinês Sinopharm tem duas potenciais vacinas em fase 3 dos ensaios clínicos em vários países, incluindo Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito, envolvendo mais de 50 mil participantes no total.
Sabe-se que as vacinas da Sinopharm recorrem à tecnologia do vírus inativo e pouco mais. Apesar de estarem na última fase de testes, a segurança e eficácia ainda não foi comprovada, pelo que não há aprovação oficial para uso em massa. No entanto, o governo chinês já autorizou o seu uso urgente, pelo que estão a ser estão a ser administradas em todo o país milhares de doses.
COVAXIN
A empresa indiana Bharat Biotech começou a recrutar em novembro quase 26 mil pessoas para a fase 3 de testes da sua COVAXIN, desenvolvida com apoio do governo. Esta vacina foi também concebida com base no vírus inativo e pode estar disponível no primeiro semestre de 2021.
AstraZeneca
O grupo farmacêutico anglo-sueco, em parceria com a Universidade de Oxford, espera apresentar nas próximas semanas os resultados da fase 3 de testes.
A muitas vezes apelidada "vacina de Oxford" é uma vacina de "vetor viral", o que significa que usa como suporte outro vírus mais agressivo - no caso da AstraZeneca um adenovírus - que foi transformado para incluir uma parte do vírus responsável pela Covid-19. O vírus modificado penetra nas células das pessoas vacinadas, que depois fabricam uma proteína típica do SARS-CoV-2, preparando o sistema imunológico para combater o novo coronavírus em caso de contágio.
Em setembro, os testes da vacina da AstraZeneca foram suspensos após ter sido detetada uma complicação neurológica num voluntário no Reino Unido, mas já foram retomados. O Instituto Serum da Índia, o maior produtor mundial de vacinas, anunciou que já fez 40 milhões de doses da potencial vacina contra a Covid-19.
Tanto a AstraZeneca como a Universidade de Oxford já se comprometeram a distribuir a vacina sem qualquer custo enquanto durar a pandemia. Depois, assim que a pandemia estiver controlada, a vacina vai continuar a ser distribuída gratuitamente aos países em desenvolvimento, mas os restantes terão de a comprar, a um custo "relativamente baixo".
Johnson & Johnson
A norte-americana Johnson & Johnson iniciou dois testes clínicos da sua candidata, cujo nome oficial é Ad26.COV2.Sa, um com os participantes a receber apenas uma dose e outro com duas doses. Os resultados devem ser anunciados no primeiro trimestre de 2021.
Os testes estiveram suspensos em outubro depois de um dos voluntários ter ficado doente "de forma inexplicável", mas já foram retomados e abrangm mais de 90 mil voluntários em todo o mundo.
Trata-se também de uma vacina de "vetor viral", composta por um adenovírus modificado.
CanSino Biologics
A empresa chinesa CanSino Biologics desenvolveu a Ad5-nCoV em parceria com o exército chinês. Recorre também à modificação de um adenovírus e os testes de fase 3 começaram recentemente no México, Rússia e Paquistão.
Sputnik V
Desenvolvida pelo Centro de Pesquisas em Epidemiologia Gamaleya, em parceria com o ministério russo da Defesa, a vacina Sputnik V baseia-se na utilização de dois vetores virais, dois adenovírus.
Os responsáveis pela vacina russa garantem que esta tem uma eficácia de 92%, mas o l instituto Gamaleya foi acusado de quebrar os protocolos habituais para acelerar o processo científico.
Para bater a concorrencia, a Rússia vai apostar em produzir doses liofilizadas da vacina Sputnik V, "transformando a vacina líquida numa massa branca e seca", com objetivode facilitar o transporte sem recorrer a temperaturas muito baixas.
Novavax
A empresa de biotecnologia norte-americana Novavax começou os testes de fase 3 em setembro no Reino Unido e deve começar a ser testada ainda este mês nos Estados Unidos. São aguardados dados preliminares para o primeiro trimestre de 2021.
Esta vacina usa uma tecnologia difrernte de todas as anteriores: recorre a nanopartículas recombinantes para gerar antígenos derivados das proteína virais presentes na superfície do SARS-CoV-2 (os picos na superfície) e contém um adjuvante pantenteado designado Matrix-M que aumenta a resposta imunológica e estimula a produção de níveis elevados de anticorpos neutralizantes.
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