Biden anuncia abertura da fronteira com o Egito para 20 camiões de ajuda humanitária para Gaza
Biden aponta que a operação não deve começar antes de sexta-feira, uma vez que o Egito vai precisar de reparar os estragos na estrada para tornar a travessia possível.
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O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, concordou em abrir a passagem da cidade de Rafah para Gaza para permitir a circulação de um primeiro lote de camiões de ajuda humanitária, avançou o chefe de Estado dos EUA, Joe Biden, esta quarta-feira.
"[al-Sisi] concordou em deixar passar até 20 camiões para começar", disse Biden aos jornalistas, após ter contactado o homólogo egípcio, a bordo do avião presidencial, enquanto voltava de uma visita a Israel.
Biden aponta ainda que a operação não deve começar antes de sexta-feira, uma vez que o Egito vai precisar de reparar os estragos na estrada para tornar a travessia possível.
O líder dos EUA afirma que a ONU está encarregue de distribuir a ajuda humanitária na Faixa de Gaza e que um segundo carregamento pode ser possível, dependendo de "como as coisas correrem", alertando que se o Hamas quiser "confiscar e não deixar passar, então acabará".
Joe Biden deveria ter-se encontrado esta quarta-feira com Fattah al-Sisi, numa reunião na Jordânia, que acabou por ser cancelada após um ataque mortal a um hospital de Gaza, que provocou revolta em todo o mundo árabe.
"O resultado final é que ele [al-Sisi] merece ser reconhecido porque se mostrou totalmente cooperativo", acrescentou o presidente dos EUA.
Israel isolou a Faixa de Gaza, impedindo toda a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível aos seus 2,3 milhões de habitantes após o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em 7 de outubro.
Funcionários da Casa Branca adiantaram à agência Associated Press (AP) que a ajuda seguirá nos próximos dias.
Antes, Israel tinha garantido que permitiria ao Egito entregar quantidades limitadas de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, a primeira cedência num cerco de 10 dias ao território.
Num comunicado, o Executivo israelita indicou que "não irá impedir" o fornecimento de alimentos, água e medicamentos, desde que esses bens não cheguem ao movimento islamita palestiniano Hamas.
O responsável da ONU para as emergências humanitárias defendeu esta quarta-feira que a ajuda a Gaza, assim que puder atravessar a fronteira do Egito, deverá ser "substancial", da ordem dos 100 camiões por dia, e a sua segurança, acautelada.
Martin Griffiths referiu negociações "incrivelmente pormenorizadas com as partes" para definir as regras de entrada e distribuição da ajuda humanitária, pouco depois da autorização israelita para deixar entrar ajuda.
"Temos de obter a garantia de que conseguimos intervir em grande escala todos os dias, de forma consciente, repetitiva e fiável", insistiu Griffiths, explicando que os diferentes funcionários da ONU que se encontram na Faixa de Gaza - incluindo 14 mil trabalhadores da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês) - tratarão então de distribuir a ajuda.
Israel tem bombardeado incansavelmente Gaza, desde o sangrento ataque surpresa de 7 de outubro do Hamas, que matou 1400 pessoas em Israel, a maioria delas civis.
A resposta israelita causou pelo menos 3478 mortos no superpovoado território palestino, a maioria civis, segundo as autoridades locais.