COP28: Guterres critica "falta de vontade política" e alerta para possível "desastre total"
O secretário-geral da ONU garante que há "potencial, tecnologias, capacidade e dinheiro" para "fazer o que é necessário" e evitar aquecimento global.
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou esta quinta-feira para a possibilidade de um "desastre total", caso a temperatura global aumente 3 ºC, e defendeu que há falta de vontade política para acelerar o combate às alterações climáticas.
António Guterres falava à agência de notícias France-Presse, antes de voar até ao Dubai para a 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que arranca esta quinta-feira.
"Há uma diferença essencial entre a redução progressiva e a eliminação progressiva, porque a redução progressiva pode ser qualquer coisa, nunca se sabe exatamente o que significa. Eliminar gradualmente significa que num determinado momento isso para", começou por esclarecer Guterres.
"Agora, não pode parar amanhã", acrescentou, explicando que é necessário que os países se organizem e definam um prazo "credível" e "em conformidade com o objetivo de manter a temperatura a 1,5 ºC".
Na segunda-feira passada, a ONU revelou que o mundo pode ficar 3 ºC mais quente ainda este século, afastando-se do compromisso assumido no Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, aprovado em 2015 na COP21.
"A única coisa que ainda falta é vontade política", atirou o secretário-geral da ONU.
"A COP é importante para as pessoas entenderem que ainda estamos realmente a caminhar numa direção muito errada. Estamos a caminhar, se nada acontecer, para os 3 ºC e isso será um desastre total", sublinhou.
António Guterres lembrou ainda que o mundo tem "potencial, tecnologias, capacidade e dinheiro" para "fazer o que é necessário".
Até dia 12 de dezembro, os Emirados Árabes Unidos, um dos principais produtores de petróleo, recebem milhares de pessoas de todo o mundo na chamada cimeira do clima, para debater as alterações climáticas e a luta contra o aquecimento global.
Além do Acordo de Paris, destacam-se também temas das cimeiras anteriores sobre mitigação e adaptação às alterações climáticas, esperando-se avanços nestas áreas, além da formalização do mecanismo de "perdas e danos", aprovado na cimeira do ano passado no Egito mas ainda não operacional.
Portugal terá, pela primeira vez, um pavilhão autónomo (até agora participava no âmbito da representação da União Europeia), onde vai acolher mais de três dezenas de iniciativas durante a cimeira.