Corrupção e três novos ministros por mês. O caminho de mais um Presidente até à prisão
Michel Temer, ex-Presidente brasileiro, foi detido esta quinta-feira no âmbito da operação Lava Jato.
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Michel Temer assumiu o cargo de Presidente do Brasil a 31 de agosto de 2016, depois do 'impeachment' de Dilma Rousseff. Ficou no cargo durante dois anos e foi detido esta quinta-feira no âmbito da Operação Lava Jato, a mesma investigação que pôs Lula da Silva, também antigo chefe de Estado brasileiro, atrás das grades.
Antes, Temer tinha sido eleito vice-presidente de Dilma, duas vezes consecutivas, e chegou a ser o coordenador político da Presidência, mas os dois afastaram-se politicamente no início do segundo mandato de Dilma Rousseff.
Formado em Direito, Michel Temer começou a carreira pública nos anos 1960, quando assumiu cargos no governo estadual de São Paulo.
Na década de 1980, foi deputado constituinte e, alguns anos depois, deputado federal. Pelo caminho, liderou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro durante 15 anos.
Michel Temer foi considerado por muitos o Presidente mais impopular da História do Brasil, em grande parte por não ter sido eleito para o cargo - foi nomeado.
Corrupção e três novos ministros por mês
A governação de Temer ficou marcada por sucessivos casos de corrupção, sendo que no início do mandato 15 dos seus 24 ministros eram citados em investigações. Em abril de 2018, o jornal brasileiro Folha de São Paulo fez as contas: Temer trocava em média três ministros por mês.
Em outubro de 2018, o próprio Temer foi indiciado por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro e, dois meses depois, foi constituído arguido.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) brasileira, Michel Temer terá participado num esquema de suborno que movimentou 32,6 milhões de reais (7,3 milhões de euros) para aprovar um decreto que favorecia principalmente os interesses da empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos, o maior do Brasil.
Desde que assumiu a Presidência brasileira, Temer foi alvo de várias suspeitas de corrupção que, em duas ocasiões, geraram queixas formais interpostas pela PGR perante o Supremo Tribunal Federal.
No entanto, em ambos os casos, a Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) negou autorização para a abertura de um processo criminal contra Temer e as denúncias permaneceram a aguardar o fim do mandato, quando podem ter seguimento em tribunais de primeira instância.
O ex-chefe de Estado foi o 37.º Presidente do Brasil, tendo assumindo o cargo em agosto de 2016, depois do 'impeachment' de Dilma Rousseff, e sendo sucedido pelo atual Presidente, Jair Bolsonaro.
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*Com Rita Costa e Lusa