O primeiro-ministro britânico defende que abandonar a União Europeia daria ao Reino Unido uma "ilusão de soberania". Uma posição bem diferente da do Ministro do Trabalho, que defende "ficar na UE aumenta risco de atentados terroristas".
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A BBC avança que o autarca de Londres também vai fazer campanha pelo Não.
Boris Johnsson só devia revelar oficialmente esta noite a posição sobre o referendo, mas a BBC libertou a informação sobre o voto contra. Quase em jeito de antecipação, Cameron já disse ao mayor de Londres que não fica em boa companhia se juntar a voz àqueles que como Nigel Farage, da extrema-direita, defendem a saída da união europeia.
Este domingo o ministro do trabalho defendeu que as políticas de imigração europeias fazem com que o Reino Unido seja "muito mais vulnerável a um ataque terrorista como os de Paris". Declarações de Iain Duncan Smith em entrevista à BBC, acrescentando que com estas políticas o Reino Unido "não pode controlar ou saber exatamente quem está a chegar ao país".
Duncan Smith é um dos cinco elementos do Governo do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que se demarcou da linha oficial e que está a fazer campanha pela rutura com a Europa no referendo convocado para 23 de junho.
O governante quer que o Reino Unido saia do grupo dos 28 e que depois faça um acordo comercial com a Europa: "A realidade é que a comunidade europeia é uma união política, cuja intenção é ser cada vez mais estreita, porque é assim que se vê a si mesma", argumentou.
Uma posição bem diferente da de David Cameron.
Em entrevista à BBC o primeiro-ministro britânico afirmou que perante uma saída da UE: "Não teríamos a capacidade de ajudar as nossas empresas e de nos assegurarmos de que não são discriminadas face ao euro. Não poderíamos pressionar os países europeus para que partilhassem informação de fronteiras e sabemos o que estão a fazer os terroristas e os criminosos na Europa"
Depois de ontem ter convocado um referendo sobre a saída ou a permanência do Reino Unido na UE para 23 de junho, o primeiro-ministro defendeu que o acordo alcançado na sexta-feira em Bruxelas permite a Londres ficar "com o melhor de dois mundos".
Questionado sobre a possibilidade de o Reino Unido sair do grupo dos 28 e iniciar depois um acordo comercial com a Europa, o primeiro-ministro considerou que esse cenário levaria "potencialmente a sete anos de incerteza".
O chefe do governo britânico alertou que "todos os países que procuraram esse tipo de acordos tiveram de aceitar a liberdade de circulação dos cidadãos e uma contribuição para o orçamento comunitário".
"Seria irónico que saíssemos da União, negociássemos o nosso regresso ao mercado comum e deixássemos de ter a capacidade de implementar as restrições às ajudas sociais [aos cidadãos comunitários] que eu negociei", defendeu.
"Se ficarmos numa Europa reformada, sabemos o que vamos encontrar. Sabemos como fazer negócios lá, como criar emprego, como continuar a [promover] a nossa recuperação económica", argumentou, considerando, por outro lado, que deixar a UE "seria um passo para a escuridão, com um risco real".
David Cameron fez um apelo direto ao 'mayor' de Londres, Boris Johnson, para que apoie a manutenção do Reino Unido na UE. Boris Johnson deverá anunciar a sua posição hoje à noite.