Os Estados-membros da União Europeia não demonstram «grandes dissensões» sobre a estratégia para combater os fundamentalistas do Estado Islâmico, garantiu hoje o chefe da diplomacia portuguesa, em Milão.
Corpo do artigo
«Não há ninguém que se recuse a participar no esforço humanitário» às populações afetadas, nomeadamente na Síria e no Iraque, sublinhou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, em declarações à Lusa, após o primeiro dia de trabalhos do encontro informal de responsáveis pelas relações externas da União Europeia (UE) , que decorre na cidade italiana.
«A realidade é muito complexa», resumiu, admitindo que, para certos aspetos, «as opções são mais simples», como é o caso da ajuda humanitária às populações que, sobretudo na Síria e no Iraque, têm sido perseguidas pelo grupo islâmico fundamentalista.
Mas, embora não tão «simples», o envolvimento militar dos países da UE, que «basicamente se traduz em facultar armamento» aos curdos do Norte do Iraque, também não gera «particulares dissensões», garante.
«A ideia de que o fornecimento de munições deveria ter autorização [prévia] do governo de Bagdad» não criou «propriamente dissensões», repetiu Rui Machete, explicando que todos os países da UE concordam que, «com a oposição [do governo iraquiano] não se poderia fazer», mas que basta «uma aceitação tácita» para prosseguir.
«Não houve propriamente críticas, pelo contrário», aos bombardeamentos seletivos contra o Estado Islâmico que os Estados Unidos estão a levar a cabo no Iraque, relatou ainda o ministro, destacando o «papel extremamente perigoso» que o grupo fundamentalista «tem vindo a desempenhar», na sua senda de instaurar um califado na região.
«Estamos perante uma organização terrorista com características muito diferentes do terrorismo que conhecemos anteriormente. Ao proclamar-se como um califado, [o Estado Islâmico] acentuou claramente que é, simultaneamente, uma organização terrorista, uma organização que visa a construção de um Estado, mas que é guiada por um propósito messiânico», distingue Machete.
Ora, os Estados da UE, que «não representam religiões nem visões messiânicas do mundo», estão a ter «alguma dificuldade em traçar as estratégias apropriadas para combater» os extremistas do Estado Islâmico, reconhece.