A faltarem poucas horas para a segunda volta das eleições presidenciais deste domingo, 24 de abril, a situação política em França continua a ser uma incerteza sem precedente.
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De um lado, Emmanuel Macron, o presidente cessante, manteve-se sempre à frente na última sondagem da iFop para a FranceInfo. Favorito com 56,5% das pessoas questionadas, contra 43,5% que dizem votar em Marine Le Pen. A candidata de extrema-direita nunca atingiu uma pontuação tão alta.
Entre as duas voltas, no debate, Emmanuel Macron apareceu como o vencedor da confrontação. Marine Le Pen menos credível, mas mais calma, apesar de lhe ter faltado um ar de "presidente" frente ao chefe de Estado, que defendeu o seu lugar.
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Marine Le Pen lembrou, numa última entrevista à CNews, a arrogância do presidente cessante. "Ele não gosta dos franceses. Vejam só o comportamento que ele teve durante os últimos cinco anos. Podemos dizer o que quisermos, mas ele desprezou os franceses, insultou-os. Tratou-os com brutalidade. Todo o seu quinquénio fica marcado por frases humilhantes para os franceses. Acredito que cada francês o sentiu. Aliás, ele voltou a fazê-lo durante o debate, usou desta arrogância", afirmou a candidata da União Nacional.
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Emmanuel Macron admite, na France Inter, que a candidata de extrema direita conseguiu fazer coisas que ele não conseguiu fazer. "Ela conseguiu avançar mascarada e empurrou outros problemas. Conseguiu fazer o que não conseguimos fazer, isto é: apaziguar a indignação e responder rapidamente a pedidos, em particular, dando perspectivas de progresso e de segurança às classes médias e às mais pobres francesas", admitiu o chefe de Estado francês.
Apesar disso, os apoiantes da candidata da União Nacional mantêm-se sólidos, enquanto o candidato d"A República em Marcha teme uma desmobilização pelo favoritismo.
Caso Emmanuel Macron seja eleito na segunda volta desde domingo, esta pode ser uma vitória assombrada por nuvens políticas. O Presidente pode conseguir manter se no Eliseu, mas num país onde a extrema direita pode atingir quase metade dos sufrágios, um país dividido.
Uma situação inédita uma vez que há cinco anos, Emmanuel Macron recolheu 66,1% dos votos, contra 33,9% para Marine Le Pen.