Na região de Paris, os presos votam este sábado, 23 de abril, para as eleições presidenciais francesas. Pela primeira vez estão inscritos mais de 13 mil detidos para votar nos vários estabelecimentos prisionais do país.
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Se nos abstrairmos dos guardas e dos polícias, a mesa de voto instalada no ginásio da prisão é igual a qualquer outra assembleia.
Para este detido, que prefere ficar sob anonimato, é a primeira vez que vota. "Estou aqui há 18 meses e durante este tempo pensei longamente em muitas coisas. Quando vi que havia eleições presidenciais, pedi se era possível inscrever-me nas listas eleitorais. Aqui temos um circuito, um espaço onde votamos de forma isolada e no fim colocamos o boletim de voto na caixa e dizem-nos que votamos. É como se estivéssemos lá fora", conta.
Este novo sistema de voto é um sucesso evidente para o diretor da prisão de Villepinte, Michaël Merci, que nos explica que na primeira volta, em 600 pessoas elegíveis ao voto, conseguiram 320 inscrições. Na primeira volta "271 conseguiram votar, 45% de participação, um dado muito significativo. A maior parte das pessoas que votaram nunca o tinha feito até então", descreve.
Detidos cujas preocupações são iguais às de todos os franceses: "A ecologia porque vou ter um filho muito em breve e é importante quando pensamos no futuro. A economia porque estamos a sair de uma crise sanitária", explicou-nos este outro detido.
Num estabelecimento prisional cheio como muitos outros, a 180% da capacidade, todos os detidos são obrigados a partilhar celas. Alguns, como Enzo, acompanharam a campanha. "Interessei-me mais nos debates à parte em que os candidatos falavam dos detidos", afirma.
Os boletins vão agora ser enviados ao ministério da justiça e vão ser contabilizados este domingo, de forma anónima, e integram depois os boletins do primeiro bairro de Paris.