Os resultados das eleições europeias vão obrigar a negociações complexas entre os líderes europeus, especialmente entre os dois principais partidos, populares e socialistas.
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Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia vão reunir-se num jantar informal (cujo início está marcado para as 19:00, 18:00 em Lisboa), em Bruxelas, para analisar os resultados eleitorais e para abordarem a questão da sucessão de Durão Barroso, na liderança do executivo comunitário.
O PPE de Jean-Claude Juncker venceu as eleições, embora com uma margem curta em relação aos Socialistas e Democratas que apoiam Martin Schulz.
Os dois estão disponíveis para a presidência da Comissão Europeia, mas nesta altura é muito pouco claro quem virá a liderar o executivo de Bruxelas. Acresce que não é obrigatório que um dos nomes propostos nas eleições venha a ser o escolhido.
O novo modelo introduzido pelo Tratado de Lisboa sugere ao Conselho Europeu para levar em conta os resultados eleitorais na escolha do futuro presidente da Comissão Europeia.
No entanto, o tratado não obriga o Conselho Europeu a escolher forçosamente o nome do cabeça de lista do grupo vencedor a nível europeu. Mas uma opção alternativa é entendida como uma fragilização da credibilidade do processo democrático na União Europeia.
Diversos especialistas entendem que seria muito difícil conseguir o apoio do Parlamento Europeu caso outra personalidade viesse a ser proposta. E, além disso, o Parlamento terá de dar "luz verde", por maioria, ao nome do futuro presidente da Comissão Europeia, pelo que uma proposta alternativa encontrará poucas bases de consenso no hemiciclo de Estrasburgo.
Tanto Jean-Claude Juncker como Martin Schulz já afirmaram que não estão dispostos a ver eleito um nome que não tenha sido apresentado nestas eleições.
Junker foi apoiado pelo partido mais votado, mas perdeu 61 deputados em relação às eleições anteriores, e a vitória não lhe garante a maioria para assegurar a eleição como presidente do executivo comunitário.
Martin Schulz, embora em segundo lugar, não parece disposto a abrir mão da possibilidade de vir a ser ele quem reunirá um consenso alargado, que lhe garanta metade dos votos mais 1, tornando-se o nome mais apoiado pelo Parlamento.
É com este ponto de partida que, na cimeira de hoje, os chefes de Estado ou de Governo vão analisar os resultados das eleições europeias e, em princípio, Herman Van Rompuy, será mandatado para iniciar conversações com o Parlamento, a fim de se começar a desenhar um acordo para que no mês que vem se conheça o nome do sucessor de Durão Barroso.
Nas eleições europeias, que terminaram no domingo à noite e cuja contagem dos votos ainda não está fechada oficialmente, o PPE, que integra o PSD e o CDS-PP, foi o mais votado, com mais 25 mandatos que o PSE, a que pertence o PS, que ficou em segundo lugar, de acordo com a projeção mais recente, divulgada hoje.
As duas maiores forças políticas da União Europeia perderam eurodeputados face às eleições de 2009 - o PPE elegeu 212, menos 61, e os socialistas 187, menos nove - e estão aparentemente obrigadas a um entendimento perante a ausência de uma maioria clara e o crescimento substancial dos partidos eurocépticos, nomeadamente de extrema-direita, em países como a França, a Dinamarca ou a Áustria.
A Aliança dos Liberais e Democratas para a Europa (ALDE), apesar de também ter perdido mandatos, mantém-se como terceira força, com 72 eurodeputados (menos 11), seguida pelos Verdes, com 55 (perdeu dois mandatos).
Estes quatro grupos reúnem 526 dos 751 assentos parlamentares europeus, contra os 612 que possuíam na legislatura que agora termina.