Alerta do presidente do Comité das Regiões europeu, o português Vasco Cordeiro, no arranque da Semana dedicada ao poder local e regional, que a TSF acompanha em Bruxelas.
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Oito meses antes das eleições europeias, Vasco Cordeiro afirma que "mais coesão e um papel mais forte atribuído aos órgãos de poder local e regional são o antídoto necessário para o crescente descontentamento na Europa".
O presidente do Comité das Regiões, no seu discurso anual sobre o estado das regiões e dos municípios na União Europeia, que coincide com a publicação do Relatório Anual da UE de 2023 sobre o estado das regiões e dos municípios, afirmou que "2023 é já um ano recorde - pelas piores razões - com o verão mais quente alguma vez registado. Com o calor extremo vieram incêndios florestais, ondas de calor, secas extremas, mas também tempestades e inundações".
A crise climática "ceifa vidas, arruína a nossa economia e ameaça o nosso futuro" sublinhou, e "reforça também as desigualdades. As consequências e impactos que se fazem já sentir no clima, na economia, nas infraestruturas, podem também vir a afetar as instituições políticas e democráticas", explicou o ex-presidente do governo regional dos Açores. "Sem o envolvimento e sem a mobilização das regiões e dos municípios não é possível traduzir os compromissos globais em ações locais", sublinhou o Presidente do Comité das Regiões.
No que diz respeito à reconstrução da Ucrânia e ao apoio dos municípios e das regiões, acrescentou: "O Comité das Regiões Europeu desempenhará o seu papel para assegurar que a dimensão local e regional seja tida em conta e que as políticas fundamentais, como a política de coesão, continuem a ser um instrumento central de investimento a longo prazo em todos os territórios. Temos de estar preparados para este passo histórico no nosso projeto europeu comum e temos de estar cientes de que, qualquer que seja o custo, seria muito mais caro fechar a porta da Europa àqueles que querem fazer parte desta incrível viagem política."
Tal como apresentado no relatório, as desigualdades sociais estão a aumentar em toda a Europa: "mais de 32 milhões de europeus não conseguem pagar uma refeição adequada e 40 milhões não conseguiram manter as suas casas quentes em 2022". Para Vasco Cordeiro, "a coesão social em todos os nossos territórios deve continuar a ser um objetivo comum. Os órgãos de poder local e regional são os primeiros a enfrentar os desafios e são os primeiros a responder, apesar dos custos", apelando ainda a "soluções europeias, mas assentes em respostas locais, como na produção de energia e de alimentos ou no apoio personalizado às pessoas, especialmente às mais vulneráveis ".