Hicham Ainize conta na TSF que apesar da noite de "loucura" vivida na cidade marroquina, é nas aldeias em redor desta que o sismo mais fez estragos. Agora, o principal medo é que a terra volte a tremer, seja "amanhã ou daqui a cem anos".
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É nos arredores de Marraquexe que está a marca mais profunda da destruição do sismo desta sexta-feira que matou mais de 1300 pessoas e feriu mais de 1800, incluindo dois portugueses. Hicham Ainize, cidadão marroquino que vive no centro da cidade, conta à TSF que a última noite "foi uma loucura" e que teme que possa repetir-se.
"Uma das mais assustadoras e difíceis da minha vida, nunca pensei viver algo semelhante", confessa o gestor de um riad, as habitações típicas da cidade, reconhecendo alguma "dificuldade" em expressar tudo o que sentiu.
Agora "seguro", conta que as casas mais antigas, na parte velha da cidade, "ficaram danificadas", mas as novas "estão quase todas ok". No centro de Marraquexe há "eletricidade e água", mas o que mais preocupa são mesmo "as aldeias fora de Marraquexe", nas zonas montanhosas.
Esta tarde, o ministro português dos Negócios Estrangeiros deixou precisamente a mesma nota, dando conta de que as autoridades marroquinas se concentram, por esta altura, em prestar apoio às localidades mais remotas.
Lá é precisa "comida e água", aponta Hicham, um contraste com o centro da cidade, onde "está tudo sob controlo" e a maior necessidade é a de que os habitantes se "refaçam do choque, porque muitos ficaram afetados com o que aconteceu".
Na manhã deste sábado, ao sair à rua, Hicham viu "a maioria das lojas fechadas, alguns edifícios destruídos e poucos carros circulavam nas ruas, mas nada de muito grave".
Ainda assim, o receio não acaba e o maior é o de que um abalo como este "possa voltar a acontecer" nos próximos dias: "Esse é o problema, não temos informação de quando poderá acontecer um novo sismo, não temos certezas. Essa é a nossa grande preocupação, pode acontecer amanhã ou daqui a cem anos".
Como a TSF avançou em primeira mão, este sismo em Marrocos feriu pelo menos dois portugueses, pai e filha, que passeavam com a restante família - a mãe e outros dois menores - na medina de Marraquexe.
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O balanço provisório de vítimas do terramoto subiu este sábado para 1305 mortos e 1832 feridos, dos quais 1220 em estado grave, anunciou o Ministério do Interior marroquino. O anterior balanço dava conta de 1037 mortos e 1204 feridos.
O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7.0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos.
O reino de Marrocos decretou três dias de luto nacional e a Força Aérea Portuguesa está de prevenção "para uma possível projeção de meios da Proteção Civil" para o país.