A decisão de Washington surge como forma de protesto contra a violação dos diretos humanos no Egito. Obama adiantou que os EUA não tomam partido no conflito.
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O presidente norte-americano Barack Obama anunciou esta quinta-feira o cancelamento imediato dos exercícios militares conjuntos com o Egito, como forma de protesto contra a morte de centenas de manifestantes.
A operação Bright Star, nome dado ao conjunto de exercícios militares conjuntos, foi iniciada em 1981, no âmbito dos Acordos de Camp David. Deveria realizar-se em meados de setembro, na região do Sinai.
Numa declaração proferida a partir da ilha de Martha's Vineyard nos EUA, onde se encontra a passar férias, o presidente dos EUA advertiu o Egito de ter entrado num «caminho mais perigoso», mas esclareceu que, para já, não foi suspensa a ajuda militar anual.
Nos editoriais de hoje, o The New York Times e o Washington Post atacaram a gestão da crise com o Egito e apelara ao presidente para que cortasse a ajuda militar.
Denunciando a repressão no Egito que, desde quarta-feira, causou a morte de pelo menos 525 pessoas, Barack Obama salientou os antigos laços entre Washington e Cairo, mas advertiu que foram os egípcios que determinaram o seu próprio futuro.
Na sua intervenção, Barack Obama disse que os Estados Unidos «não podem determinar o futuro do Egito» e que Washington «não toma partido» por qualquer das partes do conflito. «Essa é uma tarefa para o povo egípcio», adiantou o presidente norte-americano.
Obama defendeu também o cancelamento do estado de emergência decretado pelo governo egípcio e o arranque do processo de reconciliação nacional.
«Enquanto queremos manter a nossa relação com o Egito, a nossa cooperação tradicional não pode continuar como de costume quando os civis estão sendo mortos nas ruas e os direitos estão sendo desrespeitados», disse o presidente aos jornalistas.