Theresa May dirigiu-se aos deputados, garantiu que a possibilidade de um segundo referendo não está em cima da mesa e tranquilizou cidadãos da União Europeia que vivem no Reino Unido.
Corpo do artigo
Após o chumbo do acordo do Brexit, na semana passada, Theresa May voltou a dirigir-se aos deputados britânicos e assegurou que não será agendado um novo referendo, bem como não haverá o cancelamento do artigo 50.º. A primeira-ministra revelou ainda que renegociar com a UE a solução de salvaguarda para a Irlanda do Norte contestada por deputados conservadores e unionistas.
O alegado plano B acabou por não acontecer, já que não foram apresentadas grandes diferenças em relação ao projeto inicial.
"A forma correta de evitar uma saída sem acordo é com a aprovação nesta Câmara de um acordo ou se evitarmos o Artigo 50.º", referiu a líder do governo do Reino Unido, que acredita que será improvável que a União Europeia aceite um prolongamento do tempo estabelecido para a saída do Reino Unido.
"Os cidadãos da União Europeia vão poder ficar no Reino Unido com ou sem acordo", garantiu a primeira-ministra, pedindo aos parlamentares que esclareçam a sua posição sobre o que pretendem para o acordo.
May aludiu à solução de salvaguarda conhecida, como 'backstop' que visa garantir que não haja controlos alfandegários após o 'Brexit' ao longo da fronteira entre Irlanda, país membro da UE, e a Irlanda do Norte, província do Reino Unido.
Esta é uma medida temporária que duraria até que fosse encontrada uma solução permanente, mas deputados conservadores eurocéticos e o Partido Democrata Unionista (DUP), da Irlanda do Norte, temem que o Reino Unido fique vinculado indefinidamente às regras comerciais da UE.
"No que diz respeito ao 'backstop', apesar das mudanças que previamente conseguimos, restam duas questões fundamentais: o medo de que possamos ficar presos nela permanentemente; e preocupações sobre o seu impacto potencial na nossa União se a Irlanda do Norte for tratada de forma diferente do resto do Reino Unido", resumiu.
O governo de Theresa May e os outros 27 países da UE fecharam um acordo de divórcio em novembro, após 17 meses de negociações tensas.
O chumbo uniu os dois lados do debate, os deputados pró-'Brexit' que querem uma divergência clara do bloco e para quem o acordo impede que o país tenha uma política comercial independente, e os pró-europeus que argumentam que o acordo deixa o país numa situação pior do que a atual enquanto membro da UE, pois não terá voz sobre regras que terá de cumprir.
Depois do chumbo do acordo, na semana passada, May anunciou que iria iniciar conversações com deputados de todos os partidos no parlamento. Hoje lamentou o facto de o líder da oposição, o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, se ter recusado a negociações interpartidárias, invocando como condição que não o faria se o governo não descartasse uma saída sem acordo.
Corbyn respondeu, qualificando as negociações de uma "farsa" e voltou a defender um acordo que crie uma união aduaneira com a UE.
LEIA MAIS:
- Quem tem medo de um Hard Brexit? As consequências de uma saída à força
- Mais de 3 mil portugueses já pediram nacionalidade britânica desde o referendo
- Derrota pesada. Parlamento britânico chumba acordo do Brexit e moção de censura avança
- Não haver Brexit é mais provável do que uma saída sem acordo. Adiar está fora de questão