O historiador Pedro Dias acredita que o edifício mais visitado da capital francesa deve ser reconstruído sem marcas atuais.
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Após a destruição parcial da catedral Notre-Dame, o Presidente francês prometeu que o edifício histórico da capital francesa vai ser reconstruído, o que começa já a levantar questões relativamente à forma como deve ser feita.
Pedro Dias, historiador de arte e antigo diretor da Torre do Tombo e da Biblioteca Nacional, admite que é preciso deixar Notre-Dame "tal como estava anteontem". O especialista recorda que "há documentação gráfica que chega e que sobra para poder reconstruir Notre-Dame" e para deixar o edifício como estava antes de ser consumido pelas chamas.
O historiador acredita que, sendo "o primeiro edifício gótico a ser construído" e tendo em conta que "marca a evolução de um dos principais estilos europeus", a catedral não deve ficar com uma marca atual.
"Tenho imenso medo dos arquitetos porque normalmente têm sempre a mania de acrescentar património ao património, obra deles para deixar ficar marca", afirma, recordando que há "exemplos de restauros em que impõem uma linguagem completamente diferente e violentam o edifício".
Assim, Pedro Dias gostaria que "a futura Notre-Dame [fosse] a mesma que era anteontem", reiterando que os arquitetos que vão tratar da obra devem manter aquilo que existia e não deixar uma marca pessoal no momento mais visitado de Paris.
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