As Nações Unidas e a Liga Árabe anunciaram hoje a nomeação do ex-secretário geral da ONU Kofi Annan como enviado especial à Síria, para relançar o processo diplomático e promover o fim do conflito no país.
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Num comunicado conjunto, os secretários gerais da ONU, Ban Ki-moon, e da Liga Árabe, Nabil ElAraby, agradecem a Kofi Annan ter aceitado o convite para esta «importante missão numa altura crítica para o povo da Síria».
A nomeação do enviado especial está contemplada na resolução da Assembleia-Geral da ONU aprovada na semana passada por larga maioria, na sequência do veto russo e chinês a um texto semelhante no Conselho de Segurança, que teria força de lei internacional.
Kofi Annan será auxiliado por um enviado especial adjunto, de um país árabe, que será nomeado mais tarde.
O ex-secretário-geral representará ONU e Liga Árabe na crise síria e terá como missão «pôr fim a toda a violência e violações dos Direitos Humanos, promovendo uma solução pacífica» para o país.
Kofi Annan será responsável por consultas com «todos os interlocutores relevantes, dentro e fora da Síria, para acabar com a violência e a crise humanitária e facilitar uma solução política pacífica e liderada pelos sírios», adiantam Ban e ElAraby.
Esta solução, adiantam, deverá ir ao encontro «das aspirações do povo sírio, através de um diálogo político abrangente entre o governo sírio e todo o espectro da oposição».
Representantes de mais de 50 países vão participar, esta sexta-feira, em Tunes, numa conferência destinada a analisar formas de ajudar o povo sírio, violentamente reprimido pelo regime há quase um ano.
Inicialmente a conferência destinava-se a dirigir uma mensagem clara ao regime sírio para parar os massacres e à oposição para se unir. Mas, face à situação cada vez mais grave que se vive no país, dar resposta aos problemas humanitários tornou-se o objectivo prioritário da reunião.
A Rússia e a China, países que bloquearam no Conselho de Segurança da ONU a condenação do regime do presidente Bashar al-Assad, não participam na conferência e anunciaram que se opõem a qualquer «ingerência na Síria».
A conferência, organizada pela Liga Árabe, reunirá países desta organização, ministros dos Negócios Estrangeiros de membros da União Europeia, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, os Estados Unidos, representados por Hillary Clinton, a Turquia, também representada pelo seu chefe da diplomacia, Ahmet Davutoglu, a Austrália e as principais formações da oposição síria, incluindo o Conselho Nacional Sírio.
Mais de 7600 pessoas, na maioria civis, morreram devido à violência na Síria desde Março de 2011, segundo um balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
A par do crescente isolamento do regime sírio, a conferência de Tunes procura também unir a oposição para que esta possa vir a ser reconhecida internacionalmente.