Adão Silva, que liderou o grupo de observadores portugueses que acompanharam as eleições tunisinas, diz ter visto um «povo pronto para abraçar a democracia».
Corpo do artigo
O chefe da delegação de observadores portugueses que acompanharam as eleições na Tunísia entende que este país deu um exemplo ao mundo ao realizar um acto eleitoral em que o «povo esteve inebriado com este momento histórico».
«É um povo pronto para abraçar a democracia e rasgar novos caminhos de desenvolvimento, justiça, paz e bem-estar. Vemos sobretudo que há também uma espécie de compenetração deste povo no sentido de que dão um exemplo para as nações vizinhas que se encontram numa situação de turbulência política e que procuram um caminho», explicou Adão Silva.
Em declarações à TSF, este responsável português considera que o exemplo dado pelos tunisinos «pode ser um caminho exemplar para os países que estão numa turbulência política, nomeadamente a Líbia, Egipto e Síria, só para referir os que estão aqui mais próximos».
Já o observador João Soares disse ter ficado comovido com o exemplo de uma jovem de 33 anos que «estava como observadora de uma organização não governamental tunisina que disse que não tinha dormido tal era a emoção de poder viver pela primeira vez um acto genuinamente democrático».
«Também ouvimos o responsável do equivalente da Comissão Nacional de Eleições, que veio aos nossos briefings anteontem, dizer que havia aqui um grande objectivo que era o de reconciliar o Islão com a democracia. Isso parece-me profundamente positivo», acrescentou.
O antigo presidente da câmara de Lisboa confirmou ainda que não viu qualquer «incidente negativo» durante as primeiras eleições livres da história da Tunísia, apesar de aparecerem de vez em quando «pessoas de idade que são analfabetas e que têm dificuldade em ler o boletim de voto».
«Mas, pareceu-nos que as pessoas que estavam nas mesas de voto estavam extremamente bem preparadas e qualificadas. Na última mesa de voto onde estivemos assistimos à contagem até ao final e a contagem foi feita com toda a correcção», notou.