- Comentar
"Não há Deus além de Alá." Foram estas as primeiras palavras de Salah Abdeslam, o único terrorista que participou ativamente no atentado e sobreviveu, no início do processo de julgamento que começou esta quarta-feira, no Palácio de Justiça de Paris.
Relacionados
Condenados pelos atentados de Paris em 2015 desistem do recurso
Questionado pelo tribunal sobre a sua identidade, o suspeito de ter perpetrado os ataques a 13 de novembro de 2015 respondeu: "Primeiro quero afirmar que não há Deus além de Alá e Maomé é o seu mensageiro."
Abdeslam confirmou também que a sua profissão é ser um "combatente do Estado Islâmico". "Desisti de todas as profissões para me tornar um combatente do Estado Islâmico", afirmou.
A jornalista Rita Costa dá-lhe conta das palavras de Salah Abdeslam no início do julgamento
Para Jean Reinhart, um dos advogados de uma centena de civis, há a esperança que Salah Abdeslam colabore depois de ter respondido a algumas questões.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Não estou surpreendido. Aquilo que me surpreende mais é que ele continue a responder às outras questões, o que nos permite pensar que talvez vá explicar o resto", considerou Reinhart.
A primeira sessão do julgamento encontra-se suspensa após um dos arguidos se ter sentido indisposto.
O maior julgamento da história moderna da França teve início esta quarta-feira com 20 suspeitos acusados pelos atentados de novembro de 2015 que mataram 130 pessoas, em Paris. O processo vai durar pelo menos oito meses, devendo o veredicto ser conhecido em maio de 2022.
Os atentados levados a cabo por três equipas de jihadistas em bares, restaurantes e no Bataclan - planeados na Síria e posteriormente reivindicados pelo grupo estatal islâmico - foi a pior atrocidade pós-guerra em território francês.
O único atacante sobrevivente, Salah Abdeslam, esteve presente na abertura do julgamento, sob segurança apertada, numa instalação construída propositadamente no Palácio da Justiça, em Paris.

Leia também:
Julgamento dos atentados de Paris "aguardado pelas vítimas" mas vai reavivar traumas
"Devemos construir (uma) memória coletiva, reafirmando os valores da humanidade e da dignidade", disse o antigo procurador de Paris François Molins à rádio RTL. E permitir "às famílias das vítimas compreender o que aconteceu", adiantou.
Dez outros homens, presos durante o período do julgamento, ocuparam esta quarta-feira o seu lugar ao lado de Abdeslam no banco dos réus, julgados pela sua participação nos atentados.
Três réus comparecem em liberdade sob controlo judicial e outros seis são julgados à revelia. No total, 12 dos 20 acusados enfrentam a prisão perpétua.
Os primeiros dias da audiência vão servir só para enumerar as vítimas, perto de 1800. Os primeiros testemunhos vão ser ouvidos a partir de dia 13 de setembro e as vítimas começam a ser ouvidas a 28 de setembro. Durante cinco semanas, as pessoas tocadas diretamente pelos atentados vão contar o terror vivido no Stade de France, no Bataclan e nos cafés do 11.º bairro.
Notícia atualizada às 17h10