Comunicado diz que os filhos do embaixador foram "severamente espancados por seis pessoas, que os agrediram e insultaram por serem árabes e muçulmanos".
Corpo do artigo
No comunicado, publicado em árabe no dia 20 de agosto no site da embaixada do Iraque em Portugal, do qual a TSF obteve uma tradução, é explicado que os dois filhos do embaixador Saad Mohammed M. Ali foram agredidos por seis pessoas num pequeno restaurante em Ponte de Sor e foram insultados por serem árabes e muçulmanos.
A nota que pretende clarificar o que se passou na passada quarta-feira, desmentindo o que foi publicado na comunicação social, sublinha que os filhos do embaixador "limitaram-se apenas a responder". Depois de saírem do restaurante, acrescenta o comunicado, os dois jovens tiveram de regressar porque notaram a ausência das chaves de casa, e terão sido novamente agredidos e chantageados. Um dos jovens, de acordo com a nota, "ficou com o nariz partido e algumas contusões".
Os dois rapazes, que têm imunidade diplomática, são suspeitos de terem agredido um jovem de 15 anos que sofreu múltiplas fraturas e foi transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontra internado em estado considerado grave.
De acordo com a embaixada, os filhos do diplomata apresentaram queixa nas autoridades locais e o próprio embaixador "intentou uma ação junto das autoridades portuguesas".
O texto não faz qualquer referência ao jovem que permanece internado em estado crítico no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A TSF contactou a Procuradoria-Geral da República (PGR) mas ainda aguarda resposta.
Um outro comunicado, publicado em inglês na página do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano, sublinha que o caso está a ser seguido atentamente e "com preocupação". Acrescenta ainda que o MNE "iniciou uma investigação para conhecer mais detalhes deste incidente e juntar informação veiculada pelos meios de comunicação social".
O MNE iraquiano "reitera a sua vontade de manter a eficiência das suas missões diplomáticas, a sua boa reputação, e a solidez das duas relações com todos os Estados, incluindo Portugal; confirma que continua a trabalhar com as autoridades portuguesas e a equipa da embaixada iraquiana em Lisboa para tomar todas as medidas necessárias sobre esta acusação".
Esta segunda-feira, o embaixador do Iraque foi recebido no Ministério dos Negócios Estrangeiros, pelo Embaixador Chefe do Protocolo do Estado, António Almeida Lima, que tem as competências relativas às imunidades diplomáticas, confirmou a TSF.
O Governo português ainda não recebeu qualquer pedido por parte das autoridades judiciais relacionado com os acontecimentos que envolveram os filhos do embaixador do Iraque em Ponte de Sor, mas admite tomar medidas diplomáticas após agressão a jovem em Ponte de Sor.
O comunicado na íntegra:
Esclarecimento da verdade daquilo que foi publicado relativamente aos filhos do Senhor Embaixador
- Os filhos de Sua Excelência o Embaixador iraquiano em Portugal foram severamente espancados por parte de seis (6) pessoas que os insultaram e agrediram por serem árabes e muçulmanos.
- O lugar onde se encontravam os filhos de Sua Excelência o Embaixador é um pequeno restaurante na cidade de Ponto de Sor, situada a 200 km da capital e na qual um dos dois filhos estuda aviação civil e já tinha sido alvo de agressões racistas, mas insistiu em completar seus estudos, sendo um dos alunos com bom aproveitamento escolar.
- O filho do embaixador iraquiano usa o seu carro particular, e não é como alegam os meios da comunicação social, sendo titular de uma carta de condução.
- Pode-se consultar os jornais e canais televisivos portugueses que publicaram fotos dos filhos do Embaixador na sequência dos espancamentos e agressão. Foi publicado o relatório tendo um dos filhos sofrido fratura no nariz e algumas contusões facto este que é referido no auto da polícia.
- Não foram detidos os seis (6) agressores tendo a polícia prometido fazer o necessário para detê-los com a maior brevidade possível.
- Sua Excelência o Embaixador intentou uma ação junto das autoridades portuguesas encarregado um advogado para tomar as diligências necessárias.
- Aquilo que foi publicado nos jornais e na comunicação social em Portugal não corresponde à verdade dos factos.
- A verdade relativamente à rixa que ocorreu entre os filhos do embaixador e o chefe daquele gangue foi que os filhos do Embaixador, depois de terem perdido as chaves da casa na sequência da agressão, regressaram ao local da ocorrência para procurarem as chaves. Ali foram confrontados pelo agressor o qual inundou-os de insultos tentando chantageá-los e batendo num deles. Os filhos do embaixador limitaram-se apenas a responder tendo acontecido a rixa. Na sequência disto, deslocaram-se para a esquadra da polícia fazendo a respetiva participação e fornecendo as suas declarações.